Saturday, July 22, 2006

Superman: Returns

É, demorei pra colocar essa crítica aqui, acho que vou começar a escrever uns textos pra um site de cinema então acho que será atualizado com ainda menos freqüência (será possível!?!?!).



Fui ver este filme sábado de manha da semana passada (15/07), e pra quem leu minha crítica anterior viu que eu estava entusiasmado pra ver esse filme, mesmo não sendo um fã do personagem, gosto de quadrinhos e minhas expectativas eram altas.
Geralmente grandes expectativas atrapalham bastante. Gostaria de acreditar que foi esse motivo de minha decepção com o filme, mas sei que estaria apenas tentando perdoar o diretor por suas inúmeras falhas.
A história pra quem não sabe mostra o retorno a Terra depois de alguns anos do Superman, ele havia ido averiguar se havia sobrado algo de Krypton depois que cientistas descobriram sua existência. Assim, Clark Kent ao tentar voltar a sua antiga vida encontra obstáculos como seu relacionamento com Lois Lane mãe e noiva ganhadora do Pulitzer pelo artigo “Porque o mundo não precisa de um Super Homem”. Também temos o retorno do Lex Luthor em mais um plano que envolve a morte de milhões (desculpe, quis dizer BILHÕES!) de pessoas.
O filme começa com mais do que uma homenagem do letreiro original do filme de 78 é uma cópia maquiada usando a mesma trilha sonora inclusive, mas com uma pitada de efeitos especiais novos. Humm, tá ok, já não gostei muito dessa "homenagem", mas no decorrer do filme viria a gostar menos ainda. Se a idéia de fazer uma continuação daqueles filmes já não me atraia sua execução foi ainda pior, a produção ignora diversos aspectos dos dois filmes originais e é recheada de homenagens/cópias-descaradas chegando ao absurdo de repetir diálogos e frases de impacto em momentos chaves!! Ridículo! Existe uma linha muito tênue entre homenagear e copiar e infelizmente Bryan atropela esta diversas vezes. As duas horas passadas no cinema chegam a doer aos ouvidos de quem viu o filme recentemente, o que admito que devem ter sido poucos. Se isso fosse o pior do filme eu ainda iria aplaudir de pé, afinal não é tão grave copiar um filme que deu certo e rechear com algumas coisas novas e interessantes que joguem um ar novo ao filme.
Sim, até estão lá situações interessantes como aquela na qual um fato importante é revelado na cena do piano e a idéia de amor platônico do Superman com está nova Lois com filho, que reforça seu sentimento de excluído como alienígena, o que alem de dramatizar muito bem o personagem ajuda ao público a se identificar com ele.
Uma das cenas mais heróicas do filme já revelada no trailer é a da queda de um avião, claro que isso já foi usado exaustivamente em todas as vezes que o Super Homem aparece, inclusive no filme de Richard Donner, mas aqui não é só um avião, mas um avião que está levando um ônibus espacial! Uau em, que idéia genial desse diretor não? (Como cientista não posso deixar de ressaltar como esta cena é ridiculamente absurda do ponto de vista físico. Os engenheiros da NASA parecem que são mais incompetentes que o roteirista deste filme, mas se aceitei um cara voando usando roupas primárias, uma capa e com a cueca por cima da calça posso fazer vista grossa para detalhes da realidade, esta que sempre atrapalha os produtores de Hollywood ao fazer seus blockbusters). Gostaria de continuar escrachando diversas cenas em que o Superman está sozinho, mas ai faltaria espaço para comentar os outros personagens que também tem uma grande parcela de culpa.
Brandon Routh é um ator muito limitado e isto transparece facilmente durante o filme, Kate Bosworth, a Lois Lane também não funciona muito bem além de criar uma repórter com uma falta incrível de carisma. Apesar do filme se sustentar na relação desses dois personagens a sua química na tela também é fraca fazendo suas atuações medianas que quando somadas a falta de profundidade das outras partes ajuda a fundar o filme.
Alonguei-me para chegar em uma parte na qual minha impressão já não havia sido boa antes de ver o filme e que infelizmente concretizou-se. Mesmo gostando muito do trabalho de Kevin Spacey como no excelente Beleza Americana seu Lex Luthor consegue ser o pior vilão que já vi o Superman enfrentar na tela grande. Como nunca vi aquelas pérolas que são o Superman 3 e Superman 4 posso estar me adiantando mas ainda assim não perdoaria nem o Bryan Singer nem o Kevin Spacey pelo clima desse vilão. Como já havia ressaltado detesto esta versão cientista louco do personagem, mas se bem usada ela pode até ser divertida, o que como já deve ter percebido não foi o caso. A performance do ator é por demais comedida com alguns pontos altos em que temos um vislumbre de como aquele empresário ensandecido poderia ter sido, infelizmente estas cenas são por demais espaçadas fazendo o vilão louco ser louco apenas por continuar com este plano idiota.
Lex Luthor quer causar um desastre na qual milhões (desculpe, quis dizer BILHÕES!) morreriam afundando milhares de acres de terra fazendo o magnata louco enriquecer devido à especulação imobiliária. Grandioso, vilanesco, louco! Genial não? Bryan Singer também achou, na verdade ele gostou tanto que usou essa mesma idéia do Richard Donner no filme dele. Não tão genialmente devo ressaltar. No filme original Lex iria afundar com poderosíssimas bombas atômicas (coqueluche dos vilões da época) uma enorme falha sísmica, que realmente existe na Califórnia, causando um terremoto que inundaria a costa, transformando as terras desérticas do interior numa nova costa. Convenientemente todas estas terras pertenciam ao nosso vilão. Se isso fazia algum sentido, nesse novo filme o plano é totalmente idiota, nem um magnata louco acharia que esta idéia estapafúrdia poderia funcionar. O Lex Luthor interpretado por Gene Hackman nunca toparia uma coisa dessas. Sem querer estragar muito para os que não viram o filme tem uma parte em que a assistente idiota e peituda do Lex Luthor pergunta como se ele não faz nenhuma tentativa de esconder sua culpa, obrigaria o mundo a simplesmente aceitar que ele matou bilhões de pessoas e ainda deixar ele negociar as novas terras. A resposta dele mostra um outro fator absurdo do filme, ele fala que todos irão se curvar ao poder dos cristais kryptonianos que ele possui (no filme original ele também tinha uma assistente idiota e peituda, a qual também tinha um fraco pelo Superman, que coincidência!). Estes cristais que ele roubou da fortaleza da solidão possuem o incrível poder de aumentar absurdamente de tamanho em contato com a água, assim como alguns brinquedos infantis paraguaios em forma de animais. Mas ao contrário desses brinquedinhos inofensivos estes cristais crescem MUITO MESMO de tamanho. Apesar de contrariar diversas leia básicas do universo e do bom senso essa idéia esotérica ridícula de cristais mágicos tem um poder realmente destruidor. Mas o espectador deve ter muita imaginação e boa vontade para pressupor que os outros cristais devem ter poderes muito mais assustadores porque isso apenas não impediria o mundo de se voltar contra esse idiota, muito menos o Super Homem. Mesmo que estes cristais tivessem tais poderes eles não aparecem em nenhum momento e o vilão nunca usa estes contra o herói.
Os outros atores funcionam sem brilho em seus papéis secundários com destaque para Sam Huntington como um divertido Jimmy Olsen e para o Ciclope dos X-Men e amigo do diretor James Marsden como o namorado simpático da Lois Lane.
Numa produção de centenas de milhares de dólares os aspectos técnicos do filme costumam ser impecáveis e aqui isto é quase verdade. Todas as cenas de vôo, a do avião, a fortaleza da solidão, o ataque final do Lex Luthor, todas são primorosas e irreprimíveis. Mas infelizmente mudanças de última hora atrapalharam o resultado final, estas são as mudanças computadorizadas feitas ao próprio corpo do Superman em seu rosto, assim como em outras partes, mas admito que não reparei muito nelas quando vi pela primeira vez, assim devo apenas acreditar no que escutei falar de diversas fontes.
Existem ainda outros aspectos que achei fracos, como a enésima vez que usam Kryptonita contra o Super Homem. As diversas vezes que temos a sensação desagradável em que nosso herói neste filme o Superman, símbolo da verdade, justiça, American-Way-of-Life está ajudando Lois Lane em sua traição velada ao pai do filho dela. A simbologia religiosa excessiva do personagem título. Toda a trama ridícula e dispensável que se passa no hospital. O fato de Lois Lane ser conhecida mundialmente como “a ex-namorada do Superman”. A juventude do casal principal, afinal ela tem um filho de alguns anos e já ganhou um Pulitzer e ele ficou anos fora da Terra e ambos parecem ter apenas uns 20 anos! Com certeza uma manobra ridícula apenas para atrair mais jovens a sala do cinema. Aquela revelação interessante mais mal aproveitada da cena do piano.
Mesmo assim, existem alguns aspectos e algumas cenas que achei muito interessantes, como o visual de Metrópolis, principalmente o Planeta Diário retrô. A cena do Superman voando com lágrimas nos olhos (todo mundo parece ter gostado dessa cena porque todos a comentam, isso também mostra como o filme é fraco, pois uma das cenas mais marcantes é rápida e oferece apenas um vislumbre do que o filme poderia ter sido). A cena do Clark brincando com o cachorro no começo. O visual da fortaleza da solidão. A cena em que o Lex Luthor pede a para Lois repetir uma frase, a qual ela geralmente fala quando é a moça em perigo em milhares de histórias do Superman. Quando o Super Homem responde a Lois sobre o mundo não precisar de um salvador. A bala acertando o olho. A cena que remete a capa da Action Comics 1 em que ele aparece pela primeira vez (ok, essa apenas um fã do Super iria reparar).

Ufa! Se você chegou até aqui deve ser algum amigo meu ou um fã revoltado do Superman. Para concluir “Superman: O Retorno” de Bryan Singer é um drama romântico fraco e piegas, um filme de ação medíocre, oferecendo atuações igualmente sem brilho e efeitos especiais primorosos.


3/10

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