Friday, July 28, 2006

Pirates of the Caribbean 2: Dead Man's Chest


Continuação de um filme sobre uma atração de um parque temático, o qual tem como tema piratas. Esse gênero capa e espada nunca emplacou um BlockBuster, desde a década de 60 que um filme não dá certo. Sempre que um produtor tenta desenterrar essa ambientação da era de ouro de cinema se depara com um prejuízo incrível, o qual desestimula toda a indústria voltar a ele.
O que me impressiona nisso tudo é que esse gênero de aventura tem todo o romantismo e carisma pra dar certo em Hollywood, mas por incompetência (e as vezes azar também) os filmes acabam por não atingir o público.
Por isso o “Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra”(o primeiro) foi um feito e tanto, abriu caminho pra esse tema tão próprio da industria do entretenimento e tão mal conduzido. Mas não pense que o filme é revolucionário per si, na realidade ele só acerta nas partes que não podia falhar e assim conseguiu encher uma sala de cinema com risadas e aventuras por duas horas. Conseguiram isso com um roteiro despretensioso, mas interessante, boas reviravoltas, atuações inspiradas (principalmente do... a você sabe, todo mundo fala dele), um bom diretor, ótimos efeitos especiais, uma boa fotografia, um bom design, ou seja, aspectos técnicos impecáveis, claro, o mínimo que se espera de uma superprodução hoje em dia.O que mais pode se esperar de um filme? Muita coisa na verdade, mas o aspecto artístico não faz os olhos dos produtores brilharem como pilhas de notas de dólares.
Mas e quanto ao “Piratas do Caribe: O Baú da Morte” (o segundo)? Por isso me estendi tanto falando do primeiro, esse filme consegue acertar nos mesmos pontos que seu predecessor. Como já disse este filme faz o básico pra dar certo, o que já é mais que a maioria dos filmes de verão de Hollywood.
A trama gira em torno de uma dívida do capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) que acaba envolvendo seus dois parceiros dos filmes anteriores, Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley). Assim eles precisam lutar contra canibais, um pirata mutante mágico lendário (Bill Nighy), um mal intencionado agente da Companhia das Índias Orientais (Jonathan Pryce) entre outros.
As atuações estão no nível das superproduções, o que não é bom, mas temos alguns que se sobressaem magistralmente. Preciso falar sobre aquele cara como todo mundo? Sim ele consegue de novo criar um personagem diferente, que foge ao lugar comum, e são sempre louváveis as raras vezes em que temos um protagonista diferente do mocinho de Hollywood, um pirata amoral então nem se fala. Também gostei muito da Naomi Harris que interpreta uma bruxa dando um ar sombrio e misterioso perfeito nas poucas cenas em que aparece. Outro que se destaca é Bill Nighy, sempre gostei do jeito estranho dele, os quais funcionam perfeitamente para esse papel e fiquei chocado ao descobrir que seu personagem havia sido totalmente criado por computação gráfica. Se os efeitos especiais já haviam me impressionado ao longo da projeção, ao constatar a perfeição sem igual dada ao vilão Davy Jones e o modo como conseguiram mostrar todos os maneirismos da interpretação do ator me da vontade de explodir o Oscar se não os presentearem nessa categoria. Todos os outros atores são burocráticos no máximo, tendo inclusive um casal muito fraco como protagonistas do filme. Com personagens fracos é difícil fazer mágica, ainda mais se comparados ao Sr. Depp e ao Sr. Nighy, mas mesmo assim a atuação desses dois é fraca.
Os efeitos especiais do filme são excelentes como era de se esperar, temos cenas magníficas, animais gigantes, barcos fantásticos e todos impecáveis. Com certeza terá ao menos uma cena que você achará incrível ao vê-lo.
O design do filme também é esplendoroso, desde o visual da cidade dos piratas e suas roupas, a tribo canibal, as vestimentas de época, a maquiagem irreprimível e ao extravagante visual dos barcos. A parte mais impressionante com certeza é a tripulação de Davy Jones, seres mutantes meio animais, todos com detalhes impressionantes e uma inventividade que chama a atenção. Devo apenas ressaltar que apesar de ter gostado bastante do visual destes vilões acho que ficaram por demais asquerosos para um filme de férias que planeja atingir diversas faixas etárias e sexos.
Vamos agora ao que menos importa num filme diversão desses, que é o fiapo de roteiro. Na realidade apesar de ser inexpressível gostei do texto. Normalmente os filmes de ação têm tramas cheias de fatos sem explicação, absurdos lógicos e furos lamentáveis, enquanto este filme consegue ser bem amarrado e estruturado, coisa rara. Mas com certeza não é irreprimível. Antes devo adiantar que a maioria da trama se completa no decorrer das duas horas e pouco de duração, mas os últimos dez minutos do filme servem apenas para preparar pontas soltas para continuação “At World’s End” que foi gravada em conjunto e que fecha a trilogia. Não que isso atrapalhe o andamento, mas deixa com água na boca se você gostou do filme e um nó na garganta se você não gostou.
Na primeira cena temos nosso capitão se salvando por um triz de uma arriscada missão, sua tripulação pergunta qual a causa daquilo e ele lhes responde que foi por causa de um papel com uma chave desenhada. A tripulação de um navio pirata pode não ser muito esperta, mas infelizmente a audiência desse filme não o é (espero). Você fica esperando que aquilo sirva pra alguma coisa, mas logo descobrimos que era para o que aparentemente servia, ou seja, nada. Mas este é apenas um detalhe e não atrapalha em nada o filme, tem problemas maiores.
Lembra da cena com os canibais que comentei? Pois é, ela é bem feita e muito divertida, com certeza você terá boas risadas ao vê-la. O problema é que ela só faz isso, é completamente descartável para a trama principal. Fala-se tanto em versões estendidas em DVD, podiam fazer uma versão reduzida sem toda essa sub-trama com canibais. Seria ao menos trinta minutos mais curta e ninguém notaria que meia hora do filme foi cortada, é quase como fossemos para aquela ilha apenas para nos divertirmos com os nativos enquanto o vilão espera do lado de fora, e voltamos a trama principal.
Espero não estar sendo áspero demais, ambas as cenas são muito boas e mesmo que não ajudem no desenvolver do filme geram situações excelentes para divertir, pena que sejam tão desconexas. Até consigo me colocar no lugar do diretor, imagine que você tem uma idéia genial com canibais, mas isto não tem nada, mas nada mesmo, haver com o filme. Problema? Não! Enfia essa cena em algum lugar, em alguma ilha perdida e pronto, você tem trinta minutos a mais de diversão! Nunca se deve se preocupar com estes detalhes insignificantes que esbarram com nossas idéias maravilhosas, detalhes estes como o roteiro. Se a cena fosse ruim seria o suficiente pra eu execrar o filme, mas é boa, então está perdoado.
O filme sofre diversas vezes com essa falta de nexo entre uma cena e outra, adoraria destruir a produção por isto, mas (in)felizmente todas as cenas são muito boas e atingem seu objetivo principal, que é divertir, pena que as vezes só pareçam fazer parte da mesma película porque aquele ator esta com a mesma roupa que na cena anterior. É quase tão coeso quanto os quadros do Zorra Total, ou da Praça é Nossa, se você tirar umas três cenas seguidas ninguém vai notar.
Num filme com muito mais altos e baixos como este posso me dar ao luxo de escolher algumas cenas magistralmente feitas, e outras mal elaboradas. A fotografia do filme é bem feita, ressaltando os majestosos efeitos especiais com eficiência, em especial a cena em que câmera segue o giro da roda de um moinho de água com três piratas duelando dentro. A ótima cena de uma luta de espadas naquela igreja abandonada (O que essa igreja faz aqui? Porque estão lutando dentro dela? Existe algum motivo pra essa cena estar acontecendo alem de criar um visual legal?). Diversas cenas da asquerosa tripulação de Davy Jones e o próprio. Quando Jack Sparrow mostra que o capitão é o primeiro a abandonar o navio. Existem poucas cenas que me incomodaram por sua idiotice, mas o modo como Will consegue o objeto de perseguição do filme todo é por demais cômico mesmo pra um filme fantástico como este. Também vi uma falta de timing ao revelar a aparência de Davy Jones e sua tripulação. Outro aspecto que me desagradou muito foi o pai de Will, gostei da atuação Stellan Skarsgård , o problema é que os autores tentam vender em alguns momentos um tipo de sofrimento familiar entre a relação pai e filho deles, o que é no mínimo apelativo demais pois eles se conheceram a cinco minutos e não tem qualquer tipo de ligação que não seja a sanguínea. Imagine que não conheça seus pais, e o encontre deformado servindo de grumete em uma tripulação de um pirata demoníaco.
O filme também é superficial em diversos pontos, faltando uma explicação mais aprofundada, mas isso é quase bom e normal nesses filmes recheados de misticismos, se no filme anterior era uma maldição asteca, qual é a razão dos poderes dos personagens deste? A resposta parece ser porque são personagens de um filme.
Mas no geral é um filme de diversão despropositada quase perfeito, tem tudo lá, personagens interessantes, cenas inspiradas, boas risadas, excelente ambientação, visual primoroso e fantásticos aspectos técnicos. Sofre um pouco no roteiro, e nas atuações, mas ambos funcionam a contento, apenas não se destacam. Um ator medíocre ali, mas é compensado pela ótima atuação de um outro. Uma cena sem nexo ali, mas é compensado por sua inventividade e diversão. Um bom filme de ação, feito de forma inspirada, com tudo de bom da produção anterior, ou seja, divertido e nada mais. Mas também, o que mais pode se esperar de um filme?

7/10

Saturday, July 22, 2006

Superman: Returns

É, demorei pra colocar essa crítica aqui, acho que vou começar a escrever uns textos pra um site de cinema então acho que será atualizado com ainda menos freqüência (será possível!?!?!).



Fui ver este filme sábado de manha da semana passada (15/07), e pra quem leu minha crítica anterior viu que eu estava entusiasmado pra ver esse filme, mesmo não sendo um fã do personagem, gosto de quadrinhos e minhas expectativas eram altas.
Geralmente grandes expectativas atrapalham bastante. Gostaria de acreditar que foi esse motivo de minha decepção com o filme, mas sei que estaria apenas tentando perdoar o diretor por suas inúmeras falhas.
A história pra quem não sabe mostra o retorno a Terra depois de alguns anos do Superman, ele havia ido averiguar se havia sobrado algo de Krypton depois que cientistas descobriram sua existência. Assim, Clark Kent ao tentar voltar a sua antiga vida encontra obstáculos como seu relacionamento com Lois Lane mãe e noiva ganhadora do Pulitzer pelo artigo “Porque o mundo não precisa de um Super Homem”. Também temos o retorno do Lex Luthor em mais um plano que envolve a morte de milhões (desculpe, quis dizer BILHÕES!) de pessoas.
O filme começa com mais do que uma homenagem do letreiro original do filme de 78 é uma cópia maquiada usando a mesma trilha sonora inclusive, mas com uma pitada de efeitos especiais novos. Humm, tá ok, já não gostei muito dessa "homenagem", mas no decorrer do filme viria a gostar menos ainda. Se a idéia de fazer uma continuação daqueles filmes já não me atraia sua execução foi ainda pior, a produção ignora diversos aspectos dos dois filmes originais e é recheada de homenagens/cópias-descaradas chegando ao absurdo de repetir diálogos e frases de impacto em momentos chaves!! Ridículo! Existe uma linha muito tênue entre homenagear e copiar e infelizmente Bryan atropela esta diversas vezes. As duas horas passadas no cinema chegam a doer aos ouvidos de quem viu o filme recentemente, o que admito que devem ter sido poucos. Se isso fosse o pior do filme eu ainda iria aplaudir de pé, afinal não é tão grave copiar um filme que deu certo e rechear com algumas coisas novas e interessantes que joguem um ar novo ao filme.
Sim, até estão lá situações interessantes como aquela na qual um fato importante é revelado na cena do piano e a idéia de amor platônico do Superman com está nova Lois com filho, que reforça seu sentimento de excluído como alienígena, o que alem de dramatizar muito bem o personagem ajuda ao público a se identificar com ele.
Uma das cenas mais heróicas do filme já revelada no trailer é a da queda de um avião, claro que isso já foi usado exaustivamente em todas as vezes que o Super Homem aparece, inclusive no filme de Richard Donner, mas aqui não é só um avião, mas um avião que está levando um ônibus espacial! Uau em, que idéia genial desse diretor não? (Como cientista não posso deixar de ressaltar como esta cena é ridiculamente absurda do ponto de vista físico. Os engenheiros da NASA parecem que são mais incompetentes que o roteirista deste filme, mas se aceitei um cara voando usando roupas primárias, uma capa e com a cueca por cima da calça posso fazer vista grossa para detalhes da realidade, esta que sempre atrapalha os produtores de Hollywood ao fazer seus blockbusters). Gostaria de continuar escrachando diversas cenas em que o Superman está sozinho, mas ai faltaria espaço para comentar os outros personagens que também tem uma grande parcela de culpa.
Brandon Routh é um ator muito limitado e isto transparece facilmente durante o filme, Kate Bosworth, a Lois Lane também não funciona muito bem além de criar uma repórter com uma falta incrível de carisma. Apesar do filme se sustentar na relação desses dois personagens a sua química na tela também é fraca fazendo suas atuações medianas que quando somadas a falta de profundidade das outras partes ajuda a fundar o filme.
Alonguei-me para chegar em uma parte na qual minha impressão já não havia sido boa antes de ver o filme e que infelizmente concretizou-se. Mesmo gostando muito do trabalho de Kevin Spacey como no excelente Beleza Americana seu Lex Luthor consegue ser o pior vilão que já vi o Superman enfrentar na tela grande. Como nunca vi aquelas pérolas que são o Superman 3 e Superman 4 posso estar me adiantando mas ainda assim não perdoaria nem o Bryan Singer nem o Kevin Spacey pelo clima desse vilão. Como já havia ressaltado detesto esta versão cientista louco do personagem, mas se bem usada ela pode até ser divertida, o que como já deve ter percebido não foi o caso. A performance do ator é por demais comedida com alguns pontos altos em que temos um vislumbre de como aquele empresário ensandecido poderia ter sido, infelizmente estas cenas são por demais espaçadas fazendo o vilão louco ser louco apenas por continuar com este plano idiota.
Lex Luthor quer causar um desastre na qual milhões (desculpe, quis dizer BILHÕES!) morreriam afundando milhares de acres de terra fazendo o magnata louco enriquecer devido à especulação imobiliária. Grandioso, vilanesco, louco! Genial não? Bryan Singer também achou, na verdade ele gostou tanto que usou essa mesma idéia do Richard Donner no filme dele. Não tão genialmente devo ressaltar. No filme original Lex iria afundar com poderosíssimas bombas atômicas (coqueluche dos vilões da época) uma enorme falha sísmica, que realmente existe na Califórnia, causando um terremoto que inundaria a costa, transformando as terras desérticas do interior numa nova costa. Convenientemente todas estas terras pertenciam ao nosso vilão. Se isso fazia algum sentido, nesse novo filme o plano é totalmente idiota, nem um magnata louco acharia que esta idéia estapafúrdia poderia funcionar. O Lex Luthor interpretado por Gene Hackman nunca toparia uma coisa dessas. Sem querer estragar muito para os que não viram o filme tem uma parte em que a assistente idiota e peituda do Lex Luthor pergunta como se ele não faz nenhuma tentativa de esconder sua culpa, obrigaria o mundo a simplesmente aceitar que ele matou bilhões de pessoas e ainda deixar ele negociar as novas terras. A resposta dele mostra um outro fator absurdo do filme, ele fala que todos irão se curvar ao poder dos cristais kryptonianos que ele possui (no filme original ele também tinha uma assistente idiota e peituda, a qual também tinha um fraco pelo Superman, que coincidência!). Estes cristais que ele roubou da fortaleza da solidão possuem o incrível poder de aumentar absurdamente de tamanho em contato com a água, assim como alguns brinquedos infantis paraguaios em forma de animais. Mas ao contrário desses brinquedinhos inofensivos estes cristais crescem MUITO MESMO de tamanho. Apesar de contrariar diversas leia básicas do universo e do bom senso essa idéia esotérica ridícula de cristais mágicos tem um poder realmente destruidor. Mas o espectador deve ter muita imaginação e boa vontade para pressupor que os outros cristais devem ter poderes muito mais assustadores porque isso apenas não impediria o mundo de se voltar contra esse idiota, muito menos o Super Homem. Mesmo que estes cristais tivessem tais poderes eles não aparecem em nenhum momento e o vilão nunca usa estes contra o herói.
Os outros atores funcionam sem brilho em seus papéis secundários com destaque para Sam Huntington como um divertido Jimmy Olsen e para o Ciclope dos X-Men e amigo do diretor James Marsden como o namorado simpático da Lois Lane.
Numa produção de centenas de milhares de dólares os aspectos técnicos do filme costumam ser impecáveis e aqui isto é quase verdade. Todas as cenas de vôo, a do avião, a fortaleza da solidão, o ataque final do Lex Luthor, todas são primorosas e irreprimíveis. Mas infelizmente mudanças de última hora atrapalharam o resultado final, estas são as mudanças computadorizadas feitas ao próprio corpo do Superman em seu rosto, assim como em outras partes, mas admito que não reparei muito nelas quando vi pela primeira vez, assim devo apenas acreditar no que escutei falar de diversas fontes.
Existem ainda outros aspectos que achei fracos, como a enésima vez que usam Kryptonita contra o Super Homem. As diversas vezes que temos a sensação desagradável em que nosso herói neste filme o Superman, símbolo da verdade, justiça, American-Way-of-Life está ajudando Lois Lane em sua traição velada ao pai do filho dela. A simbologia religiosa excessiva do personagem título. Toda a trama ridícula e dispensável que se passa no hospital. O fato de Lois Lane ser conhecida mundialmente como “a ex-namorada do Superman”. A juventude do casal principal, afinal ela tem um filho de alguns anos e já ganhou um Pulitzer e ele ficou anos fora da Terra e ambos parecem ter apenas uns 20 anos! Com certeza uma manobra ridícula apenas para atrair mais jovens a sala do cinema. Aquela revelação interessante mais mal aproveitada da cena do piano.
Mesmo assim, existem alguns aspectos e algumas cenas que achei muito interessantes, como o visual de Metrópolis, principalmente o Planeta Diário retrô. A cena do Superman voando com lágrimas nos olhos (todo mundo parece ter gostado dessa cena porque todos a comentam, isso também mostra como o filme é fraco, pois uma das cenas mais marcantes é rápida e oferece apenas um vislumbre do que o filme poderia ter sido). A cena do Clark brincando com o cachorro no começo. O visual da fortaleza da solidão. A cena em que o Lex Luthor pede a para Lois repetir uma frase, a qual ela geralmente fala quando é a moça em perigo em milhares de histórias do Superman. Quando o Super Homem responde a Lois sobre o mundo não precisar de um salvador. A bala acertando o olho. A cena que remete a capa da Action Comics 1 em que ele aparece pela primeira vez (ok, essa apenas um fã do Super iria reparar).

Ufa! Se você chegou até aqui deve ser algum amigo meu ou um fã revoltado do Superman. Para concluir “Superman: O Retorno” de Bryan Singer é um drama romântico fraco e piegas, um filme de ação medíocre, oferecendo atuações igualmente sem brilho e efeitos especiais primorosos.


3/10

Friday, July 14, 2006

PREVIEW: Superman Returns

Quero fazer aqui algo que sempre tive vontade, documentar minhas impressões sobre um filme antes de ir ve-lo e comparar minhas impressões após.
Pra começar eu não curto o personagem Superman, já não curtia antes na época que eu lia quadrinhos, as histórias com ele são em geral de péssimas pra pior-coisa-que-vc-já-leu-na-vida então dá pra imaginar o resto. Mas felizmente existem algumas histórias escritas em edições especiais e fora da cronologia que conseguem salvar a imagem, as únicas decentes:
Quatro Estações (For All Seasons) Jeph Loeb & Tim Sale
Identidade Secreta (Secret Identity) Kurt Busiek & Stuart Immonen
Paz Na Terra (Peace on Earth) Paul Dini & Alex Ross
Reino do Amanhã (Kingdom Come) Mark Waid & Alex Ross
Para o Homem Que Tem Tudo (The Man Who Has Everything) Alan Moore & Dave Gibbons
Mas apesar de serem poucas, as histórias não são só boas, são excelentes!
Mas também é só, acabou.
Mas isto não tem nada haver com o filme, quase nada...
Revi os filmes originais essa semana, o primeiro do Richard Donner e o segundo meio Ricahrd Donner meio aquele outro diretor meia boca. E refiz minha opinião sobre esses filmes, efeitos especiais datados a parte o filme é bom, mas não excepcional, entendo que pode ter sido revolucionário na época mas hoje tem muitas partes piegas e muitos erros de coerência o que acho totalmente inaceitável. O que salva esses filmes é o Chris, ele é fantástico como Clark e SuperHomem, a Lois tb é muito boa e a química entre eles é sempre interessante. O roteiro é razoável, com muita pieguisse, mas levada a sério, afinal o filme leva a sério um cara que usa a cueca por cima da calça então dai já da pra ver qual deve ser a atmosfera do filme. Mas estou fugindo novamente do foco. Fiquei um pouco decepcionado, na minha cabeça tinha uma visão melhor destes filmes que nessa revisitada.
Junto com isso soma-se a gigante e pavorosa história da produção de um filme do superman depois de Superman IV. Caso não seja familiarizado pode dar uma olhada aqui: http://www.omelete.com.br/cinema/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=928
http://www.omelete.com.br/cinema/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=927
Triste não? :(
Minha expectativas para o primeiro filme dos X-Mem tb era bem baixa, gosto dos mutantes menos ainda e um filme com eles... humm, me parecia uma péssima idéia. Mas estava errado, adorei o filme e tb gostei da continuação.
Por que estou falando do filme dos X-Men aqui? Porque é neles que reside minha esperança neste filme de um personagem complicadissimo de adaptar para o cinema, cheio de histórias mediocres, com uma pré-produção muito conturbada e com o legado de um filme clássico de 78, o qual pessoalmente nem acho tão excepcional.
O nome de minha esperança é Bryan Singer. Diretor de "Os Suspeitos", "O Aprendiz" e dos dois primeiros "X-Men", todos filmes muito bons, esse cara consegue acertar no alvo em todas as vezes. Passou por generos diversos e conseguiu ser muito bem sucedido, fantástico! Na realidade tinha muita pouca fé que sairia algo de bom daqui, mas agora, após os trailers, notícias, alvoroços dos EUA e a participação do Bryan minha experança nele está renovada. Pode ser apenas ansiedade por ter ouvido falar desse filme o mês todo mas acho que realmente ficou interessante.
Quando escutei a idéia pela primeira vez achei péssima... na realidade ainda acho mas agora já me acostumei a ela.
O super-homem sumiu por uns anos e quando volta encontra a Lois casada. É uma continuação dos dois primeiros filmes cortando alguns detalhes de menor importância. Eu iria preferir uma saga que iniciasse do zero, sem a complicação de ter que desenterrar uns filmes da decada de 70. Outra coisa que não me apetece é esta versão do Luthor do cinema estilo cientista-louco. Acho idiota, prefiro a versão Luthor magnata maligno, o gênio que não foi reconhecido e guarda todo esse ódio, mas já que escolheram essa direção pro personagem o Kevin Spacey é um ator que gosto muito e também confio nele(quem sabe eu confie demais nas pessoas). O visual está caprichado, neo-retrô, os atores parecem bons, o diretor é bom, os efeitos especiais são bons, as idéias em geral acho ruim. Com tudo isso já levado em conta espero no mínimo um filme 3 estrelas, se todos acertarem a mão um filme 4 estrelas e se a história conseguir me surpreender e o Bryan Singer tiver uma mão divina 5 estrelas mas não acho que conseguiria dizer que um filme assim conseguiria ser perfeito. Só amanhã pra saber. Espectativa: #### (4 Estrelas)

É

É verdade, devo reconhecer que meu passado, minha infância foi em grande parte uma infância nerd, recheada de clichês do gênero. Mas também é verdade que isto é passado e que minha falta de direção anterior foram radicalmente mudadas no presente. O ano de 2003 pode ser considerado o momento simbólico de mudança em minha personalidade e filosofia. Viajei para os Estados Unidos, enfrentei minha primeira crise séria no meu longo relacionamento com minha primeira namorada e junto com isso também estava desiludido com minha escolha de universidade. Apesar de não saber o que influenciou o que e qual destes eventos ocorreu primeiro. O fato é que em 2004 todas as sementes para minha mudança total já estavam lá. Parei de acreditar em uma míriade de idéias, passei a ter uma visão menos idealista, mais pessimista, humanista da história, e do mundo. Agora não era tão importante as leis da física mais sim como e por quem elas foram descobertas, foi o fim da crença em Verdades Universais, as quais combato ferozmente nos dias de hoje, também foi o começo de minhas rixas com toda e qualquer forma de crença sem raciocínio e sem provas como as religiões, também marginalmente influenciado por minha Ex. Marcou a nascimento de um homem mais pragmático, que foi passo a passo abandonando aquele universinho de adolescente e embarcando em um mundo adulto. Isso me assusta as vezes, foi minha última mudança significativa e já fazem 3 anos, sinto que não mudarei mais minhas opiniões até a loucura ou senilidade, o que ocorrer primeiro. Mas voltando a frase inicial deste texto, também abandonei a cultura nerd. Nunca fui um entusiasta fánatico dessa cultura, mas mesmo sem pensar fazia parte dela de corpo e alma, era um fã de Star Wars (ai meu deus) e lia mais livros de RPG do que tinha tempo de jogar. Hoje percebi algo que é fundamental para minha formação de ideias, as coisas boas são muito difíceis de achar. Isso pode parecer óbvio mas não é, não basta gostar de um livro pra encontrar outros bons deste mesmo autor, ou ler uma história em quadrinhos que goste e achar outra que vá gostar. Antes, do alto de meu estado juvenil eu acreditava que quanto mais afastado do status quo eu procurasse mas fácil seria encontrar algo decente. Mas a realidade é mais complicada, dentro de outra cultura geralmente encontramos a mesma densidade de qualidade que na sua própria, mesmo que a roupagem seja mais agradável a voçê na qual está mais familiarizado. Isto também diz o quanto minha crença anterior era desumanizada, eu achava que dentro da literatura por exemplo haviam mais obras interessantes que no cinema mas não é o gênero de arte que define sua qualidade e sim o talento das pessoas e este em geral é similar independente do meio. Pode parecer audacioso mas tente ver que prodígios existem em todos os lugares, se por ano são lançados 10.000 livros, 1.000 filmes e 100 peças de teatro, poderiamos ter 973 livros excepcionais, 86 filmes maravilhosos e 17 peças de teatro excepcionais, eses números são apenas demonstrativos mas quero monstrar que mesmo tendo mais livros bons que filmes a porcentagem é parecida. Pra mim se deve olhar para o mundo com foco nas pessoas que o fazem assim. Me estendi em tudo isso apenas para dizer que percebi que por mais que gostasse muito de quadrinhos, apenas 1 em cada 50 me atraiam, que por mais que gostasse de cinema e achasse uns 5 filmes bons isso era depois de ver uns 200 filmes. Assim aprendi a selecionar muito mais o que vejo, mas também reafirmei minha vontade de conhecer novas formas de arte. Assim abandonei a minha cultura juvenil e embarquei numa viagem mais audaciosas por temas mais complexos, mais reais, pragmáticos, filosóficos. Isso também ajudou a me transformar numa pessoa com menos sonhos, mais pessimista, penso se tem que ser assim. Não conseguiria ter uma conversa coerente com o meu EU de alguns anos atrás. E meu EU passado nem reconheceria a pessoa que me tornei, penso se não envelheci rápido demais. Após muitos anos de separação estou tendo um reencontro com meu passado, agora com um senso crítico muito mais apurado posso voltar nas obras que tanto gostava anteriormente e lançar uma nova luz e ver se sobrevivem a esse novo olhar. Alan Moore passou no teste, Star Wars, não.

Sunday, July 02, 2006

A união entre o Sagrado e o Profano

Inicialmente podemos analisar a arte separando em duas categorias, a popular e a underground, esta última apreciada pelos conhecedores enquanto a outra sempre destruída pelos críticos mas aclamada popularmente,atingindo milhares de pessoas e enriquecendo seus criadores.
Pode parecer que estou rebaixando a arte popular a segundo plano quando na verdade coloco um problema a arte erudita, que apesar de apreciada permanece geralmente impopular, assim não atingindo o grande público apesar de influenciar o paradigma de formas mais sutis. Acho que existe espaço para ambas formas de expressão, ambas tem seu nicho no mundo artístico, entreter ou influenciar pensamentos.

Entrem os que tem pretensões puramente artísticas poucos são notados. Ao fazer algo mirando a grande massa se deve ter em mente as limitações intelectuais e culturais de todos que tentarem ter acesso ao que o autor quer passar. É isso o que a maioria dos artistas não faz, criam para si mesmos, ou para um grupo limitado altamente intelectualizado. Não que isso seja errado, é necessário fazer discussões de alto nível mas atingem diretamente um número reduzido de pessoas. É muito difícil se fazer entender, essa é a questão fundamental da pedagogia e infelizmente é o que mais falta em alguns artistas absolutamente geniais, alguns filósofos influenciaram o mundo sendo lidos por uma porcentagem ínfima da população, mas até hoje intelectuais discutem o que eles quiseram dizer em seus textos. Não importa o quão complicado seja o assunto, se poucas pessoas conseguiram entender, isto é uma falha grave. Existe um valor em uma obra alternativa, profunda e cultural mas ele está fechado para o mundo, escondido num mar de complexidade inacessível ao povo. O objetivo do erudito geralmente envolve uma mensagem, quer passar alguma coisa, deixar algo dentro do espectador. Mesmo que seja para poucos existe um prazer sublime na apreciação da arte, ela entretem sua seleta audiência de outro modo, mas infelizmente, na maioria das vezes não cativa o público.

Os advogados da arte popular (como vários péssimos atores da rede Globo)dizem que o grande benefício é fazer a maioria de seus espectadores mais felizes, entretem suas vidas tristes. De fato existe um valor em cativar o público, essa é uma das funções. Afinal se a televisão, cinema e música fossem uma indústria predominatemente cultural seria chamada de Indústria da Cultura e não Indústria do Entretenimento. Ainda costumam comentar que são esses produtos populares que permitem a existência de uma indústria mais erudita, mesmo que underground, que o fato de existir um Star Wars:Episódio 3: A Vingança dos Siths permite a produção de um Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci, não vou discutir esse pobre e infeliz argumento. Discordo amargamente dessa conlusão, mas ainda que isso seja verdadeiro, fazer algo acessível é necessário mas o fazer acessível não pode ser o objetivo final de uma obra. Infelizmente é isso que ocorre, logo temos centenas de obras que nada acrescentam ao mundo além de papel, barulho e filme.

Já é possível enxergar as diferenças entre essas idéias, poderia-se levar a arte ao povo ou elevar o nível das obras populares mas quero algo mais pragmático e imediatista. Apreciada pelos críticos, moldando pensamentos, fazendo pensar e ainda atingindo todas as classes intelectuais sendo populares, algumas obras conseguem ser. Claro que irão lhe faltar a profundidade de um projeto mais complexo mas ainda é perfeitamente aceitável se levarmos em conta o número de pessoas atingidas. Apenas para citar algums exemplos do que considero terem sido bem sucedidos nesse quesito: Matrix, primeiras temporadas dos Simpsons, Seinfeld, Senhor das Armas, Shakespeare e claro que isso também se aplica a música e artes plásticas mas como não sou entendido não vou opinar. Criadores andando na linha entre dois mundos percebem que essas realidades não são tão separadas quanto parecem, pode-se ser relativamente popular e ainda ser marginalmente erudito, resolver dois problemas. Levam uma complexidade aonde não havia e popularizam idéias que possivelmente nunca chegariam a grande massa. Essas preciosidades muitas vezes sofrem por tentarem agradar a todos, recebem críticas mornas e vendas amenas não chamando a muito a atenção de ambos os lados, os quais não percebem isso como uma tentativa de criar um elo de ligação entre dois paradigmas, criando outro.

Ao se fazer uma obra que consiga agradar a críticos acadêmicos e populares, o autor precisa mesclar gostos, colocar complexidade em situaçòes simples, no caso de mesmo que os eruditos não apreciem o ato em si, gostem a idéia por trás, e mesmo que o povo não entenda a idéia por trás, goste do ato em si.