Thursday, August 31, 2006

...

"Nothing that can be said in words is worth saying."
-- Lao-tse

Wednesday, August 30, 2006

“What is this?”

“What is this?”
“Doesn’t you know?” He stands there waiting for an answer; the traveling eye of the listener told him that would never came. “It’s reality”
Came an instant of waiting the weight of the words fall in his head.
“You are looking to something that you never have, the world. But not your feeble world of before, a new world full of meaning and purpose”
“What?” His eyes were still half-open, his mouth was dry, and his perception was drug-like.
“You were not prepared, anyone of us was. But what can we do? There is no kind of training for this situation, for life.” A look of tired sorrow cross his eyes, but vanished once more to his mask of enthusiasm. “You can look at it like a blessing or like a curse, I see it like a burden. We can’t escape from it, we have to live with that, and there are no other options available. Some say this bring a purpose, a meaning to their lives, but this is just another escape of the inevitable truth.”
Half-listening the other man stand up in the barely lightened room. The situation was outrageous, he doesn’t remember how he gets there, he only remembers the light. He sits in a layer of dust that was above what one day was a comfortable armchair. The memories begun to come back, but his “high” state didn’t help.
“… this is utterly important and extremely necessary!” He stop the speech under a suspicious idea. “Are you even listening? This is your life now. Don’t take your responsibilities so lightly.”
The pain, no… the extreme sensitivity of his new state trouble his concentration, but that guy talking was even worse. Normally he would never stand against such guy, but he thinks that it was like when he was drunk, his fears have disappeared.

Awakened

And he touched, at the first touch he could feel the world screaming in agony, as if was a human. This was the first contact with the unknown, the unbearable, the unspeakable, and at the same time it was disturbing and depressing was a orgy of joy feel that emotions so intensively in his skin.
The world will never be the same, the change is forever, when we are outside of the flow, we can’t go back to the flow. But even in the glimpse/initial principle of this new state of conscience one question cross his mind: How anyone will ever believe me. The only thing he has is his experience, no proof. But the possibilities are endless, the world is his personal garden and he want to be a good gardener.
Going back to the reality, he stomps on the floor, with “back” that in some way sound different then any other “back” he have ever listened. In front of him, the exquisite man was standing with a melancholic expression.
“You should not be desperate, the world need people like us, they like or not”.
“What are people like us? “ he said kind of mumbling.
“We are the ones that change”
Of course this doesn’t mean anything to him, what he knows?
And the thoughts was still floating above his heads like they wasn’t part of his mind. “Could I be crazy, finally mine repeatedly disturbs of personality have take control?” “The reality wasn’t always like that? Before I have a different imaging of things?”
“Could I just die and avoid this decision, the decision of what is real or not?”
Suddenly the air explodes in light, a undesirable light, something that look like all the colors in the rainbow and at same time separated from what was bearable to see in this existence. The light surround the man, and he sleeps…

A Sala




Uma sala. Sombria. Circular. Doente. Uma caixa. Inútil. Uma porta. Sempre destrancada, entretanto nunca aberta. As paredes lhe causam dor mesmo quando se está vendado. Existe a caixa, onde a dor não lhe alcança, mas é passageira. É ingrata, é inútil. É negar. E há a escapatória. Uma realidade, uma ilusão, uma morte.
Voltar a caixa. O que há pra mim aqui? Esperar a porta se abrir por si mesma.

Sobre a dor


Sobre a dor: Porque discutir a dor? Discutir parte fundamental de minha existência. Será único? Às vezes acho que sim. Quem sofre por nada? A dor chega desacompanhada, caso contrário até aceitaria. Primeiro o vazio, depois começa como uma visitante e antes que percebamos, antes que posso me preparar, ao se tomar razão da dor ela se espalha. Como se a própria consciência da existência a fizesse definitiva e vitoriosa. A dor cansa, e também vai embora sem pedir licença. Como aquele tão falado mas tão pouco presente.



Apenas me afogando no mundano, no imediato é que escapo dela. O que torna a volta muito mais sofrida pois sei que apenas ilusões conseguem me retirar dessa realidade fria. Crua. Como se estivesse vendo sobre um filtro que tira todas aquelas coisas incríveis que as pessoas conseguem ver para viver suas vidas. Mas eu não as vejo. Claro, só consigo ver minhas próprias ilusões e meu maior passatempo e caça-las. Dói-me ser bem sucedido, mas vou em frente, cada vez mais fraco. Não posso ser único, mas outros já têm suas próprias caças para se preocupar.

Só palavras, fluxo de pensamento.




Sinto-me como um personagem kafkaniano, preso num mundo sem lógica ou sentido. Com tudo parecendo tão evidente tenho que me dar ao trabalho de explicar o simples, o claro, o importante. Para onde todos olham? Para o nada, para o mundano, para o trivial e nada de novo tiram dali. Quando tento convence-las do maravilhoso, do extraordinário minhas palavras caem em orelhas surdas ou cabeças vazias, poderia continuar mas qual a razão? Por que deveria? Não consigo, me canso antes de convencer qualquer pessoa. Acharia que estou errado senão fosse pelas parcas almas que concordam. O único pensamento que acalenta minhas noites é o de que existirá um fim. Que não há nada além desse sofrimento, que a morte está a minha espera quando eu for fraco demais e finalmente não puder mais suportar estas angustias. Sinto-me cansado todos os dias que tenho contato com pessoas, não posso estar certo. Não posso. Porque eu estaria? Porque esta massa ambulante e virial estaria errada? Se sozinho se sentir solitário, é porque esta em ma companhia. Sartre. É verdade. Estou cansando desse mundo, e ele já está cansado de mim.Sou fraco, não consigo mentir em todos os lugares, fingir o tempo todo, o que me sufoca é a hipocrisia, a inação das pessoas. Então sou empurrado pra fora. Estranho que não sou o único, mas ainda assim, sozinho. Nada torna os excluídos parte de um grupo além de serem excluídos e isso não é o suficiente pra mim. Provavelmente este corpo de intrusos do mundo tenham defeitos os quais eu também não suportaria. Existem outros como eu, claro. Existe uma ilusão da individualidade, que obriga os subconsciente das pessoas, faze-las se sentir especial. Bahh. Bobagem. Mentiras. O que mais se fala e se discute é como criar mais mentiras pra que nos sintamos melhor com nos mesmos. Patética esta necessidade humana. Assim como todas os outras, mas enfim, esta em particular. Não somos obrigados a aceitar estas mentiras, mas todos o fazem. Será o inferno pior que isso? Se acreditasse nisso provavelmente seria, e minha imaginação não consegue me levar mais longe do que isso. Um mundo regido por um Deus louco.

Sunday, August 27, 2006

Letter to the author of "The Corporation"


Some years ago I have seen a documentary entitled "The Corporation" and found really mindbreaking, so I send a email to the author of the script and book where the movie is based. At that time I was a apprentice in my path of pessimism and i receive a hopeful response. It's transcripted literally below.





QUESTION:
Hi, my name is tárik kaiel from Brazil. I saw your documentary on
CableTV and really find it amazing, it's completely changed my way to
see the world, the capitalism. In my philosophy of life/world, I have
always have a certain grief with capitalism, but I know that comunism,
anarquism or wathever are not that better either. So a really want to
congratulate you for your book, and your script, but a what I really
want to know is what your doing now, whar are your projects for the
future.
My other question is about the future... do you think we can still
save this planet, this sociaty?
Right now, after a lot of things, not your movie/book, I came to
realize that I have a very pessimist aproach of the future. Do you
think still exist hope for humanity? We will not destroy this planet,
end his resources? Won't we destroy ourselves slowly? If you think
it's possible, what can we do? What can I DO???



ANSWER:
Thank you for your note and your kind words. It is easy to understand why you feel pessimistic, but it is crucial to continue to hope, not for utopia, which is impossible, but for greater humanity. We are capable of it as individuals, and in communities; it is always a question of creating social orders that reflect the humanism inherent in us. What we need to do is believe in that, and take action - any action - to try to realize it. We have to see ourselves, and act like, citizens - members of communities with the responsibility and power to create just and humane governance.

Best,
Joel

Verdades (by Kafka) (Provided by Reginaldo)




A verdade é tudo aquilo que o homem precisa para viver,
não pode ganhar nem comprar dos outros.
Todo homem deve produzí-la sempre no seu íntimose não ele se arruína.
Viver sem a verdade é impossível, mas não exagere o culto da verdade.
Não há um único homem no mundo, que não tenha mentido muitas vezes e com razão.

Sunday, August 20, 2006

Terror em Silent Hill


Baseado na série de videogames de horror "Silent Hill".

Rose Da Silva (Radha Mitchel) e Christopher da Silva(Sean Bean) tem uma filha adotiva com problemas de sonambulismo, nesse estado Sharon (Jodelle Ferland) chega ao ponto de quase sofrer acidentes fatais e grita "Silent Hill, Silent Hill". Como toda boa mãe faria ela carrega a filha em uma viagem noturna até uma arrepiante cidade fantasma interditada que tem esse nome, tentando resolver os problemas de sua filha.
Logo ela se separa de sua filha numa ensandecida perseguição policial seguida de acidente em que se vê perdida em uma cidade abandonada que de tempos em tempos soa um alarme ensurdecedor seguida de escuridão total e ataque de uma variedade de monstros de aspectos nojentos. Para encurtar tudo isso tem haver com um tipo de ritual religioso realizado na cidade anos antes, com um incêndio, caça as bruxas, o demônio, meninas assustadoras e monstros do inferno.
Poderia continuar contando a história até o final, inclusive em detalhes, mas não quero martirizá-los duas vezes caso também queira ir ao cinema e se você gosta de filmes de terror não é uma idéia tão ruim.
Com certeza o maior problema de "Terror em Silent Hill" está no roteiro entupido de buracos, ou melhor, rombos. Entendo que é difícil adaptar a história complexa de um videogame de diversas horas e ainda se manter original, mas a impressão que tenho é que o roteirista Roger Avary (Pulp Fiction) nem tentou, desistiu de tentar escrever algo decente e pegou alguns momentos chaves do jogo, entrelaçou de forma artificial e acabou. O que é realmente uma pena, pois ele é geralmente muito bom, mas parece que estava dormindo ao escrever este roteiro. Assim acerta nos pontos em que copia descaradamente o jogo, mas estas são poucas e em todas as outras tramas novas enfiadas para fazer render mais alguns minutos erra miseravelmente.
Achava que o diretor francês Christophe Gans (Pacto dos Lobos) era bom, mas na verdade seus filmes mostram que tem uma obsessão insana pelo visual, fazendo-os serem interessantes esteticamente, mas com histórias beirando ao Trash. As cenas são em geral bem feitas e visualmente impactantes e claustrofóbicas, mas totalmente desconexas, ligadas de um ponto ao outro pior do que fases de um videogame. Funcionam sozinhas, ao juntar é que se vê o problema. Em uma cena ela tira uma peça da boca de um corpo torturado em um banheiro, o motivo pelo qual ela faz isso foge a compreensão, mas não tanto como sua fala depois de constatar que era um pedaço de chaveiro de hotel, “minha filha deve estar no hotel”, de onde ela tirou isso? Irritou-me profundamente o modo como os produtores subestimam a inteligência do espectador, como quando Rose chega a igreja que lhe parece estranhamente familiar e o diretor se sente obrigado em nos mostrar onde vimos a igreja antes como se fossemos ignorantes demais pra lembrar por nós mesmos. Ou em todas as cenas em que aparecem os monstros somos preparados por uma sirene e Rose sempre é salva não por seus méritos, mas pelo simples desaparecimento de seus perseguidores. O diretor nos acha tão idiotas que chega a ponto de repetir falas para nós lembrar de algo dito minutos antes. O filme não tem ritmo e a ótima trilha sonora emprestada do jogo é falha em dar atmosfera, pois é tristemente mal utilizada durante a projeção.
Além dos principais temos Cybil (Laurie Holden), uma policial que pouco chama a atenção além de ter uma morte grotesca e mostrada com detalhes além da conta. Dahlia (Deborah Kara Unger), uma louca que andarilha pela cidade assustando personagens de filme de terror, até que é bem interpretada, mas é difícil dizer mais que isto, pois o roteiro a qual ela é obrigada a proferir é por demais fraco. Christabella (Alice Krige) é a vilã e é tão irritante que torci para que morresse logo, não porque criei raiva pelas ações más da personagem, mas sim porque não agüentava mais ver aquela mulher empacando a trama. Infelizmente qualquer prazer que poderia sentir ao ver seu destino final foi revertido frente ao modo excessivamente chocante em que é mostrado. O policial local Thomas Gucci (Kim Coates) não tem razão de estar no filme e parece não envelhecer, pois aparece em um flashback de 30 anos praticamente inalterado. Na verdade toda a trama em que ele está inserido, a qual segue Chris na procura da filha, poderia facilmente ser descartada, pois não acrescenta absolutamente nada, apenas serve para nos distrair dos perigos da cidade e ainda por cima quebra o andamento da já desgastada trama. Este personagem é tão descartável que desaparece perto do final e nem sentimos sua falta. Isso é tão verdade que todas as cenas foram adicionadas ao roteiro depois, pois o original continha só mulheres. Apenas para contar no registro temos Anna (Tanya Allen), uma sobrevivente da cidade que está lá exclusivamente para morrer de forma inacreditavelmente chocante.
Os personagens são mal construídos sendo unidimensionais e muito mal interpretados por quase todos os atores, que parecem saídos de uma produção como "A Invasão das Aranhas Marcianas". Esse clima de filme "B" não é intencional e muito menos uma homenagem, pois se leva a sério.
Quem sabe ai esteja a minha decepção. Esperava muito mais desse suspense do que de filmes obviamente estúpidos como são quase todas as produções de terror adolescente, onde este não se encaixa. Ao ir ao cinema esperava mais do que meninas demoníacas com longos cabelos pretos sobre a cara, um roteiro raso, atores péssimos, uma direção irregular e um exagero sádico por mostrar cenas sanguinolentamente desnecessárias.
Mas seria injusto condena-lo ao ostracismo e rotula-lo como “Trash” pois não é o caso. Agora que já falei dos defeitos posso me concentrar em suas qualidade. Após ler essa última parte fico ainda mais decepcionado, pois vejo um enorme desperdício de potencial.
Gostaria de dizer que a ambientação é excelente, mas ela é resultado do incrível trabalho de Carol Spier no design. A cidade de Silent Hill é soberba, enevoada, coberta de cinzas e sempre assustadora, ainda mais quando temos sua perspectiva infernal. Apesar das transformações que seguem o toque da sirene serem desnecessárias o visual da Dark Silent Hill é ainda mais arrepiante. Qualquer pessoa presa em um lugar desses enlouqueceria como ocorre com personagens.
Os monstros são espetaculares, assustam não apenas com seu aspecto nauseante, mas também por seus rostos sem face e movimentos erráticos que dão um sentimento de dor e sofrimento, como se todos fossem almas aprisionadas naqueles corpos decadentes. Toda a cena em que somos apresentados a um novo tipo assustador é um show à parte. Temos um zelador com a cabeça e as pernas amarradas com arame farpado, enfermeiras desfiguradas, crianças queimando eternamente, um carrasco com elmo de pirâmide entre outros. Nesse sentido o fascínio do diretor pelo visual e pelo material original ajudou a criar uma ligação que qualquer pessoa que tenha visto o jogo por mais do que quinze minutos reconheceria e que não jogou com certeza se surpreenderá.
Repare como a roupa da Rose vai escurecendo durante a projeção, foram usadas mais de 100 vestimentas diferentes para fazer esse efeito de modo sutil, é esse tipo de cuidado que permeia toda a estética de “Terror em Silent Hill”.
Os efeitos especiais são irregulares, em alguns momentos são geniais funcionando muito bem na escuridão da Dark Silent Hill
Existe mais uma característica que considero um defeito grave, que é a superexposição da platéia ao sadismo do diretor, a fotografia de Dan Laustsen é muito eficaz se esta era a intenção, e ela funciona claustrofóbicamente bem durante toda a projeção. Existe um uso exagerado de sangue por todos os lados, como em Kill Bill, em ambos os casos é possível escutar risos na sala de exibição a diferença era que esta era a intenção do filme do Tarantino. Pensei que o diretor havia aprendido com o seu ótimo Pacto dos Lobos que não mostrar às vezes é mais assustador que mostrar. Veja a cena do corpo no banheiro, ela funciona bem, pois nunca temos uma cena panorâmica ou em detalhes, vemos uma mão, vemos a cabeça, mas nunca o corpo inteiro, assim o impacto de vermos o corpo inteiro mais adiante na projeção é muito maior. Infelizmente esta boa cena é exceção, em todas as outras somos apresentados ao lado mais grotesco que nos elimina qualquer possibilidade de deixar nossa imaginação trabalhar, ela geralmente é muito mais assustadora que qualquer coisa que os cineastas conseguem colocar na tela. Apesar de algumas pessoas poderem gostar do modo ultraviolento em que são apresentadas as mortes com muito sangue e tripas (como em “O Albergue” e “Premonição” e suas continuações), a maioria achará ofensivo no mínimo e possivelmente sairá com uma sensação de repulsa caso tenha um estômago mais fraco.
O destino final sobre o destino de Rose, Sharon e Alessa é muito interessante evitando o tradicional fim bobo que normalmente acontece em Hollywood.
Assim para aprecia-lo se deve esquecer qualquer presunção sobre a trama, pois ela só atrapalha os aspectos técnicos e visuais, que é onde está o melhor da exibição. Infelizmente não posso relevar os aspectos em que a película peca, mas ainda assim se você não se assusta com cenas fortes e quer ver um filme de terror este é infinitamente melhor que a qualquer um do gênero lançado este ano e merece uma conferida, nem que seja só para admirar o visual, mas se tiver uma chance o jogo é bem melhor. Já se você tem um estômago fraco ou procura algo com mais conteúdo deveria ficar longe deste filme, ou de qualquer um do gênero por assim dizer.

5/10

Saturday, August 05, 2006

Malvados Blog




www.malvados.com.br

Thursday, August 03, 2006

Médicos sem fronteiras

Dizer como a guerra é uma coisa absurda no mundo de hoje é um lugar comum. Mas realmente continuo me surpreendendo com as coisas que aceitam como normal.
Crimes de guerra. Isso já é um conceito absurdo, criamos uma categoria de ações que são consideradas crimes num lugar em que dois jovens de dezoito anos se esfaquearem até a morte não é um. Interessante.



Crime de guerra: Atacar uma unidade neutra de ajuda humanitária. Se qualquer lado fizer algo do gênero será punido. Claro que faz todo sentido punir alguém por isto, como também faz todo sentido punir alguém por bombardear um prédio, mas isso é considerado aceitável.
Não posso deixar de notar quão absurda é uma situação em que seja necessária a intervenção de um grupo humanitário como os Médicos Sem Fronteiras. É realmente bizarro um mundo em que ele precise existir.
Imagine uma batalha entre dois traficantes em uma favela, depois de horas de tiros e mortes paira uma certa calmaria. Assim no dia seguinte um grupo de médicos vai a um lado e trata dos feridos, e depois vai ao outro lado cuidar dos outros. No outro dia eles voltam a se matar mais um pouquinho, os médicos vão lá e curam mais um pouquinho, no dia seguinte eles se matam ainda mais e os médicos vão lá de novo e...
Não, devo admitir que isso nunca aconteceria na rocinha, eles matariam os médicos que se atrevessem a ir ajudar o outro lado, afinal, ele está ajudando o inimigo! Isso evidentemente porque os traficantes não vivem num mundo livre, democrático, não são civilizados como nós a ponto de permitir que médicos venham ajudar enquanto nos matamos. Apesar de apoiar fortemente estes grupos, vejo que suas ações serem aceitas pelo mundo sejam uma comprovação de que sancionamos estas guerras. Obviamente a solução não é bani-los, mas pelo contrário, banir as guerras. Se eu dissesse que estamos longe desse objetivo estaria sendo otimista por considerar que a humanidade possa viver num mundo sem guerras.
Claro que sei que nem os israelenses nem os "Hezbollenses" gostam da idéia de ajuda humanitária para o outro, mas devido à pressão internacional não tem muita escolha. Também devo ressaltar que um lado irá requerer muito mais ajuda, pois se o abastado estado de Israel sofreu algumas causalidades tivemos um pequeno massacre no lado libanês. E se o primeiro tem plenos recursos e infraestrutura para cuidar disso, o segundo não tem quase nenhum hospital inteiro no sul. Há apenas três meses atrás o sul do Líbano tinha uma ótima infra-estrutura para um pobre país árabe que ainda está se curando das cicatrizes de uma guerra, mas que hoje sumiu misteriosamente. É uma pena que a parte mais louvavel do trabalho do Hezbollah na região tenha sido reduzida a escombros. Suor de uma década apagado com sangue em um mês.
Como sempre, o lado mais fraco é o que padece mais, e não estou me referindo ao Hezbollah nem ao Líbano. Como vi um angolano falando hoje, "quando dois elefantes lutam, quem mais sofre é a grama". Perfeito não?
Criamos regras para aceitar a matança entre países. Discutir sobre se isso ou aquilo é antiético num ambiente de guerra total, foge a minha compreensão. Mas devemos nos adaptar aos tempos pra fazer o que é necessário neste instante, abandonar o pensamento por demais idealista de parar a guerra e levar nossos médicos, nossos voluntários, nossos diplomatas, quem puder ser de alguma ajuda, até nosso dinheiro, mas isso também já seria idealista demais pra pedir em uma sociedade capitalista como a nossa. O problema que estou falando é outro, devemos fazer o possível para ajudar mais sem esquecer que devemos lutar pelo objetivo maior de parar essas guerras insanas (existe outro tipo?). Lutar para melhorar o sistema que apóia este tipo de atitude, deixando claro que não aceitamos estas lutas, que não sancionamos estas batalhas, ajudamos, mas não apoiamos. Mesmo que aquele acéfalo sentado no trono dos Estado Unidos ache tudo isso normal, as organizações humanitárias como "Médicos Sem Fronteiras" não acham. Mas enquanto não tem escolha, lhes resta apenas tratar dos feridos e por mais vezes que um médico normal sepultar os mortos.
Sei que nossa dita civilização só existe por causa de um uso extremo da hipocrisia, mas esses fatos me levam a temer ela seja fundamentada nisso.




"What do I think about civilization? I think it's a great idea; why doesn't someone start one?"

-Attributed to G. K Chesterton