Sunday, February 04, 2007

Filme: Flags of Our Fathers (ou "A Conquista da Honra") .8/10

Clint Eastwood é uma figura. Uma idéia genial como retratar uma guerra como ela sempre deveria ser tratada. Uma história com dois lados. Por mais obvio que pareça a maioria dos filmes de guerra tem um lado só. Com este filme e sua contraparte japonesa Letters From Iwo Jima (ou "Cartas de Iwo Jima") nosso cowboy que virou diretor confirma sua originalidade e atrevimento. E ainda é reconhecido no Oscar e em Hollywood por ser queridinho e "prata da casa", mais um ponto pro senhor de 76 de anos no auge de sua carreira.
Com aspectos técnicos primorosos o filme cria uma pintura cinza e amarga da batalha mais disputada da campanha do Pacífico. A atmosfera visual e sonora é admirável. A conquista americana de uma pequena ilhota japonesa, um cenário realmente dantesco com direito a vulcão, praias de areia negra e cheiro de enxofre.
Contando duas tramas paralelas, uma durante a batalha e a outra lidando com os homens que apenas por hastearem uma bandeira são tratados a contra-gosto como heróis.
A mensagem é que heróis existem apenas para nós, soldados podem até ser levados a guerra pelo seu patriotismo, mas é a necessidade de sobreviver que fala mais alto quando estão lá, atos de heroísmo não passam de atitudes de união entre aqueles soldados.
O filme tem diversas cenas bem construídas e emocionantes e todas as cenas de guerra são primorosas. A metade do filme que se passa nos Estados Unidos é mais lenta, mas ainda assim eficaz em mostrar como o governo usa inescrupulosamente aquela imagem dos heróis para angariar fundos para a guerra, independente da verdade ou dos conflitos morais gerados por essas decisões. A guerra é preto e branco para o povo.
Poderia ter sido melhor senão fosse decisões equivocadas na pós produção. O maior problema é a edição insana que pula e volta a trama toda, entrelaçando a narrativa de forma artificial e cansativa. Essa mania de tramas paralelas e edição recortada é usada ao extremo aqui, quando deveria ter sido utilizada com parcimônia. O desfecho da trama também é extenso demais ao relatar com ajuda de um narrador que se manteve oculto até ali. Isso também quebra a continuidade, mais a edição retardada transformam uma película filmada com tanto cuidado numa concha de retalhos de cenas bem feitas.
Ainda assim, seja por seu visual e som impecáveis, sua interessante história, ou sua profunda mensagem, "A Conquista da Honra" ainda é um trabalho admirável apesar de suas pequenas falhas, mais uma estrela para nosso vovô do cinema.

Monday, November 06, 2006

Filme: The Prestige (O Grande Truque) 7,5

CONTÉM SPOILERS


Olha Simone... e agora Maira tb... Desculpe fazer vc vir até aqui, heheh.
O Chris Nolan (diretor) fez "Memento(Amnésia)" que é maravilhoso, um dos filmes mais originais da década. Depois fez "Batman Begins", o qual gostei... mas tem alguns problemas meio sérios. Aqui nesse "The Prestige" tem dois problemas muito graves! Primeiro é essa moda/mania de edição não-linear. pera lá! em "Memento(Amnésia)" fazer uma edição toda louca não só enriquece a história como é fundamental. Aqui qual o motivo de se ter TRÊS!!! mas TRÊS!!! tramas paralelas ao mesmo tempo? Não há nenhuma razão além do diretor querer esconder o jogo, fazer uma seqüência complicada para que o público fique meio perdido e não perceba o final do filme antes dele acabar. Sinto muito seu diretor, mas além disso ser sujo, não funcionou pra mim que desde a parte em que o Borden (Cristian Bale) se teleporta da primeira vez eu já comecei a sacar praticamente tudo, menos... aquela insanidade do final. Achei que ele estava usando sósias, sei que parece forçado, mas é que o absurdo de usar clones nem passou pela minha cabeça. Eu sei que o filme anda no limiar da mágica, mas ele estava fazendo de tudo pra nos indicar que obviamente não existia esse negócio de magia, apenas truques. Então ter um final que lide com magos de verdade me incomodou bastante. Não só isso! Me machucou pessoalmente, afinal sou formado em Física e conheço o trabalho e vida de Nikola Tesla. Tá certo que no final da vida ele já tava doidinho da silva, mas mostrar ele como um cientista doido/mago foi meio demais. E aquela bobagem inacreditável de clonagem/raios elétricos.. ai, isso não só me dói como cientista, me dói como ser pensante!!! Alguém vai engulir isso? Vc pode dizer que eu tenho que "entrar no espírito do filme", mas é justamente por isso que coloquei aquela afirmação acima, ele nunca da a entender que o Harry Potter ou o Flash Gordon vão sair da parede a qualquer instante, ele falha num dos pináculos primordiais de um bom filme, a coerência.
Resumindo
Problema 1: Edição não-linear sem motivo algum!
problema 2: Deus Ex-Machina no final do filme com aquela máquina ridícula que clona pessoas.
Mas fora esses erros graves, o filme é maravilhoso!!
EHheh, deve estar se perguntando o porque de eu ter colocado uma nota alta (7,5) se só malhei o filme até agora. É porque ele tem tantas idéias boas que quase vale a pena.
Adorei a história de obsessão dos irmãos gêmeos, dividindo vidas, comportamentos, esposas, amantes, até ferimentos. Fantástico! Já havia sacado bem antes (Por que o Mr.Fallon aparece sempre de costas, quase nunca fala, apesar de parecer ser um personagem de vital importância pra trama?) mas mesmo assim, muito bom! Que grau de fanatismo por uma causa, por uma arte! O Angier (Hugh jackman) também não fica atrás, ótimo paralelo entre os pássaros na gaiola e os homens nos aquários, ótimo. Até onde vc iria? Sacrificar um pássaro por noite, mas sacrificar um homem? Ou uma esposa? Ou uma vida, muito bom. Repare que ambos morrem como suas esposas, um enforcado e outro afogado. Aquela cena da mulher enforcada no meio dos pássaros é maravilhosa, aquele paralelo ente os pássaros sacrificados e a esposa sacrificada é intenso. Gostei do plano do Angier pra incriminar o Borden (também já havia pegado essa, mas ok) e também gostei da estranha personificação do David Bowie no Tesla. Quanto aos aspectos técnicos o filme é quase impecável, bons efeitos especiais, boas interpretações, boa cinematografia, bons diálogos.
O que me incomoda é que este filme podia ser perfeito se não fosse por um ou outro detalhe, péssimas escolhas.
Mas no geral foi bom, é só vc colocar o cérebro na posição desligado ao chegar perto do fim.
Desculpe a extensão deste texto, ser sucinto nunca foi uma de minhas qualidades.

Friday, October 20, 2006

GOOGLE Philosophy

Our Philosophy

Never settle for the best
"The perfect search engine," says Google co-founder Larry Page, "would understand exactly what you mean and give back exactly what you want." Given the state of search technology today, that's a far-reaching vision requiring research, development and innovation to realize. Google is committed to blazing that trail. Though acknowledged as the world's leading search technology company, Google's goal is to provide a much higher level of service to all those who seek information, whether they're at a desk in Boston, driving through Bonn, or strolling in Bangkok.

To that end, Google has persistently pursued innovation and pushed the limits of existing technology to provide a fast, accurate and easy-to-use search service that can be accessed from anywhere. To fully understand Google, it's helpful to understand all the ways in which the company has helped to redefine how individuals, businesses and technologists view the Internet.
Ten things Google has found to be true

1. Focus on the user and all else will follow.

From its inception, Google has focused on providing the best user experience possible. While many companies claim to put their customers first, few are able to resist the temptation to make small sacrifices to increase shareholder value. Google has steadfastly refused to make any change that does not offer a benefit to the users who come to the site:

o The interface is clear and simple.
o Pages load instantly.
o Placement in search results is never sold to anyone.
o Advertising on the site must offer relevant content and not be a distraction.

By always placing the interests of the user first, Google has built the most loyal audience on the web. And that growth has come not through TV ad campaigns, but through word of mouth from one satisfied user to another.

2. It's best to do one thing really, really well.

Google does search. With one of the world's largest research groups focused exclusively on solving search problems, we know what we do well, and how we could do it better. Through continued iteration on difficult problems, we've been able to solve complex issues and provide continuous improvements to a service already considered the best on the web at making finding information a fast and seamless experience for millions of users. Our dedication to improving search has also allowed us to apply what we've learned to new products, including Gmail, Google Desktop, and Google Maps. As we continue to build new products* while making search better, our hope is to bring the power of search to previously unexplored areas, and to help users access and use even more of the ever-expanding information in their lives.

3. Fast is better than slow.

Google believes in instant gratification. You want answers and you want them right now. Who are we to argue? Google may be the only company in the world whose stated goal is to have users leave its website as quickly as possible. By fanatically obsessing on shaving every excess bit and byte from our pages and increasing the efficiency of our serving environment, Google has broken its own speed records time and again. Others assumed large servers were the fastest way to handle massive amounts of data. Google found networked PCs to be faster. Where others accepted apparent speed limits imposed by search algorithms, Google wrote new algorithms that proved there were no limits. And Google continues to work on making it all go even faster.

4. Democracy on the web works.

Google works because it relies on the millions of individuals posting websites to determine which other sites offer content of value. Instead of relying on a group of editors or solely on the frequency with which certain terms appear, Google ranks every web page using a breakthrough technique called PageRank™. PageRank evaluates all of the sites linking to a web page and assigns them a value, based in part on the sites linking to them. By analyzing the full structure of the web, Google is able to determine which sites have been "voted" the best sources of information by those most interested in the information they offer. This technique actually improves as the web gets bigger, as each new site is another point of information and another vote to be counted.

5. You don't need to be at your desk to need an answer.

The world is increasingly mobile and unwilling to be constrained to a fixed location. Whether it's through their PDAs, their wireless phones or even their automobiles, people want information to come to them. Google's innovations in this area include Google Number Search, which reduces the number of keypad strokes required to find data from a web-enabled cellular phone and an on-the-fly translation system that converts pages written in HTML to a format that can be read by phone browsers. This system opens up billions of pages for viewing from devices that would otherwise not be able to display them, including Palm PDAs and Japanese i-mode, J-Sky, and EZWeb devices. Wherever search is likely to help users obtain the information they seek, Google is pioneering new technologies and offering new solutions.

6. You can make money without doing evil.

Google is a business. The revenue the company generates is derived from offering its search technology to companies and from the sale of advertising displayed on Google and on other sites across the web. However, you may have never seen an ad on Google. That's because Google does not allow ads to be displayed on our results pages unless they're relevant to the results page on which they're shown. So, only certain searches produce sponsored links above or to the right of the results. Google firmly believes that ads can provide useful information if, and only if, they are relevant to what you wish to find.

Google has also proven that advertising can be effective without being flashy. Google does not accept pop-up advertising, which interferes with your ability to see the content you've requested. We've found that text ads (AdWords) that are relevant to the person reading them draw much higher clickthrough rates than ads appearing randomly. Google's maximization group works with advertisers to improve clickthrough rates over the life of a campaign, because high clickthrough rates are an indication that ads are relevant to a user's interests. Any advertiser, no matter how small or how large, can take advantage of this highly targeted medium, whether through our self-service advertising program that puts ads online within minutes, or with the assistance of a Google advertising representative.

Advertising on Google is always clearly identified as a "Sponsored Link." It is a core value for Google that there be no compromising of the integrity of our results. We never manipulate rankings to put our partners higher in our search results. No one can buy better PageRank. Our users trust Google's objectivity and no short-term gain could ever justify breaching that trust.

Thousands of advertisers use our Google AdWords program to promote their products; we believe AdWords is the largest program of its kind. In addition, thousands of web site managers take advantage of our Google AdSense program to deliver ads relevant to the content on their sites, improving their ability to generate revenue and enhancing the experience for their users.

7. There's always more information out there.

Once Google had indexed more of the HTML pages on the Internet than any other search service, our engineers turned their attention to information that was not as readily accessible. Sometimes it was just a matter of integrating new databases, such as adding a phone number and address lookup and a business directory. Other efforts required a bit more creativity, like adding the ability to search billions of images and a way to view pages that were originally created as PDF files. The popularity of PDF results led us to expand the list of file types searched to include documents produced in a dozen formats such as Microsoft Word, Excel and PowerPoint. For wireless users, Google developed a unique way to translate HTML formatted files into a format that could be read by mobile devices. The list is not likely to end there as Google's researchers continue looking into ways to bring all the world's information to users seeking answers.

8. The need for information crosses all borders.

Though Google is headquartered in California, our mission is to facilitate access to information for the entire world, so we have offices around the globe. To that end we maintain dozens of Internet domains and serve more than half of our results to users living outside the United States. Google search results can be restricted to pages written in more than 35 languages according to a user's preference. We also offer a translation feature to make content available to users regardless of their native tongue and for those who prefer not to search in English, Google's interface can be customized into more than 100 languages. To accelerate the addition of new languages, Google offers volunteers the opportunity to help in the translation through an automated tool available on the Google.com website. This process has greatly improved both the variety and quality of service we're able to offer users in even the most far flung corners of the globe.

9. You can be serious without a suit.

Google's founders have often stated that the company is not serious about anything but search. They built a company around the idea that work should be challenging and the challenge should be fun. To that end, Google's culture is unlike any in corporate America, and it's not because of the ubiquitous lava lamps and large rubber balls, or the fact that the company's chef used to cook for the Grateful Dead. In the same way Google puts users first when it comes to our online service, Google Inc. puts employees first when it comes to daily life in our Googleplex headquarters. There is an emphasis on team achievements and pride in individual accomplishments that contribute to the company's overall success. Ideas are traded, tested and put into practice with an alacrity that can be dizzying. Meetings that would take hours elsewhere are frequently little more than a conversation in line for lunch and few walls separate those who write the code from those who write the checks. This highly communicative environment fosters a productivity and camaraderie fueled by the realization that millions of people rely on Google results. Give the proper tools to a group of people who like to make a difference, and they will.

10. Great just isn't good enough.

Always deliver more than expected. Google does not accept being the best as an endpoint, but a starting point. Through innovation and iteration, Google takes something that works well and improves upon it in unexpected ways. Search works well for properly spelled words, but what about typos? One engineer saw a need and created a spell checker that seems to read a user's mind. It takes too long to search from a WAP phone? Our wireless group developed Google Number Search to reduce entries from three keystrokes per letter to one. With a user base in the millions, Google is able to identify points of friction quickly and smooth them out. Google's point of distinction however, is anticipating needs not yet articulated by our global audience, then meeting them with products and services that set new standards. This constant dissatisfaction with the way things are is ultimately the driving force behind the world's best search engine.

* Full-disclosure update: When we first wrote these "10 things" four years ago, we included the phrase "Google does not do horoscopes, financial advice or chat." Over time we've expanded our view of the range of services we can offer –- web search, for instance, isn't the only way for people to access or use information -– and products that then seemed unlikely are now key aspects of our portfolio. This doesn't mean we've changed our core mission; just that the farther we travel toward achieving it, the more those blurry objects on the horizon come into sharper focus (to be replaced, of course, by more blurry objects).

source: http://www.google.com/corporate/tenthings.html

Monday, October 16, 2006

Não da pra entender mesmo...

Valor de privatização da Vale do Rio Doce: U$ 3,3 bilhões.
Para arredondar, uns 2 YouTubes (vendido ontem por U$ 1,68 bilhões).

É a época que vivemos... Reservas gigantescas de minério sendo comparadas com uma reserva gigantesca de vídeos com adolescentes de sunga amarela fazendo dancinhas bizarras.

Se o Youtube saísse do ar amanhã, alguém ia sentir falta por mais de uma semana até qualquer uma das outras 500 alternativas se estabelecer?
Mas como foi o Google que comprou, é pra levar a sério?

Sou um grande entusiasta da Web. Mas sei não, já vi esse filme antes. E nem faz muito tempo.

source: Cocadaboa ( http://www.cocadaboa.com/arquivos/009287.php )

Thursday, August 31, 2006

...

"Nothing that can be said in words is worth saying."
-- Lao-tse

Wednesday, August 30, 2006

“What is this?”

“What is this?”
“Doesn’t you know?” He stands there waiting for an answer; the traveling eye of the listener told him that would never came. “It’s reality”
Came an instant of waiting the weight of the words fall in his head.
“You are looking to something that you never have, the world. But not your feeble world of before, a new world full of meaning and purpose”
“What?” His eyes were still half-open, his mouth was dry, and his perception was drug-like.
“You were not prepared, anyone of us was. But what can we do? There is no kind of training for this situation, for life.” A look of tired sorrow cross his eyes, but vanished once more to his mask of enthusiasm. “You can look at it like a blessing or like a curse, I see it like a burden. We can’t escape from it, we have to live with that, and there are no other options available. Some say this bring a purpose, a meaning to their lives, but this is just another escape of the inevitable truth.”
Half-listening the other man stand up in the barely lightened room. The situation was outrageous, he doesn’t remember how he gets there, he only remembers the light. He sits in a layer of dust that was above what one day was a comfortable armchair. The memories begun to come back, but his “high” state didn’t help.
“… this is utterly important and extremely necessary!” He stop the speech under a suspicious idea. “Are you even listening? This is your life now. Don’t take your responsibilities so lightly.”
The pain, no… the extreme sensitivity of his new state trouble his concentration, but that guy talking was even worse. Normally he would never stand against such guy, but he thinks that it was like when he was drunk, his fears have disappeared.

Awakened

And he touched, at the first touch he could feel the world screaming in agony, as if was a human. This was the first contact with the unknown, the unbearable, the unspeakable, and at the same time it was disturbing and depressing was a orgy of joy feel that emotions so intensively in his skin.
The world will never be the same, the change is forever, when we are outside of the flow, we can’t go back to the flow. But even in the glimpse/initial principle of this new state of conscience one question cross his mind: How anyone will ever believe me. The only thing he has is his experience, no proof. But the possibilities are endless, the world is his personal garden and he want to be a good gardener.
Going back to the reality, he stomps on the floor, with “back” that in some way sound different then any other “back” he have ever listened. In front of him, the exquisite man was standing with a melancholic expression.
“You should not be desperate, the world need people like us, they like or not”.
“What are people like us? “ he said kind of mumbling.
“We are the ones that change”
Of course this doesn’t mean anything to him, what he knows?
And the thoughts was still floating above his heads like they wasn’t part of his mind. “Could I be crazy, finally mine repeatedly disturbs of personality have take control?” “The reality wasn’t always like that? Before I have a different imaging of things?”
“Could I just die and avoid this decision, the decision of what is real or not?”
Suddenly the air explodes in light, a undesirable light, something that look like all the colors in the rainbow and at same time separated from what was bearable to see in this existence. The light surround the man, and he sleeps…

A Sala




Uma sala. Sombria. Circular. Doente. Uma caixa. Inútil. Uma porta. Sempre destrancada, entretanto nunca aberta. As paredes lhe causam dor mesmo quando se está vendado. Existe a caixa, onde a dor não lhe alcança, mas é passageira. É ingrata, é inútil. É negar. E há a escapatória. Uma realidade, uma ilusão, uma morte.
Voltar a caixa. O que há pra mim aqui? Esperar a porta se abrir por si mesma.

Sobre a dor


Sobre a dor: Porque discutir a dor? Discutir parte fundamental de minha existência. Será único? Às vezes acho que sim. Quem sofre por nada? A dor chega desacompanhada, caso contrário até aceitaria. Primeiro o vazio, depois começa como uma visitante e antes que percebamos, antes que posso me preparar, ao se tomar razão da dor ela se espalha. Como se a própria consciência da existência a fizesse definitiva e vitoriosa. A dor cansa, e também vai embora sem pedir licença. Como aquele tão falado mas tão pouco presente.



Apenas me afogando no mundano, no imediato é que escapo dela. O que torna a volta muito mais sofrida pois sei que apenas ilusões conseguem me retirar dessa realidade fria. Crua. Como se estivesse vendo sobre um filtro que tira todas aquelas coisas incríveis que as pessoas conseguem ver para viver suas vidas. Mas eu não as vejo. Claro, só consigo ver minhas próprias ilusões e meu maior passatempo e caça-las. Dói-me ser bem sucedido, mas vou em frente, cada vez mais fraco. Não posso ser único, mas outros já têm suas próprias caças para se preocupar.

Só palavras, fluxo de pensamento.




Sinto-me como um personagem kafkaniano, preso num mundo sem lógica ou sentido. Com tudo parecendo tão evidente tenho que me dar ao trabalho de explicar o simples, o claro, o importante. Para onde todos olham? Para o nada, para o mundano, para o trivial e nada de novo tiram dali. Quando tento convence-las do maravilhoso, do extraordinário minhas palavras caem em orelhas surdas ou cabeças vazias, poderia continuar mas qual a razão? Por que deveria? Não consigo, me canso antes de convencer qualquer pessoa. Acharia que estou errado senão fosse pelas parcas almas que concordam. O único pensamento que acalenta minhas noites é o de que existirá um fim. Que não há nada além desse sofrimento, que a morte está a minha espera quando eu for fraco demais e finalmente não puder mais suportar estas angustias. Sinto-me cansado todos os dias que tenho contato com pessoas, não posso estar certo. Não posso. Porque eu estaria? Porque esta massa ambulante e virial estaria errada? Se sozinho se sentir solitário, é porque esta em ma companhia. Sartre. É verdade. Estou cansando desse mundo, e ele já está cansado de mim.Sou fraco, não consigo mentir em todos os lugares, fingir o tempo todo, o que me sufoca é a hipocrisia, a inação das pessoas. Então sou empurrado pra fora. Estranho que não sou o único, mas ainda assim, sozinho. Nada torna os excluídos parte de um grupo além de serem excluídos e isso não é o suficiente pra mim. Provavelmente este corpo de intrusos do mundo tenham defeitos os quais eu também não suportaria. Existem outros como eu, claro. Existe uma ilusão da individualidade, que obriga os subconsciente das pessoas, faze-las se sentir especial. Bahh. Bobagem. Mentiras. O que mais se fala e se discute é como criar mais mentiras pra que nos sintamos melhor com nos mesmos. Patética esta necessidade humana. Assim como todas os outras, mas enfim, esta em particular. Não somos obrigados a aceitar estas mentiras, mas todos o fazem. Será o inferno pior que isso? Se acreditasse nisso provavelmente seria, e minha imaginação não consegue me levar mais longe do que isso. Um mundo regido por um Deus louco.

Sunday, August 27, 2006

Letter to the author of "The Corporation"


Some years ago I have seen a documentary entitled "The Corporation" and found really mindbreaking, so I send a email to the author of the script and book where the movie is based. At that time I was a apprentice in my path of pessimism and i receive a hopeful response. It's transcripted literally below.





QUESTION:
Hi, my name is tárik kaiel from Brazil. I saw your documentary on
CableTV and really find it amazing, it's completely changed my way to
see the world, the capitalism. In my philosophy of life/world, I have
always have a certain grief with capitalism, but I know that comunism,
anarquism or wathever are not that better either. So a really want to
congratulate you for your book, and your script, but a what I really
want to know is what your doing now, whar are your projects for the
future.
My other question is about the future... do you think we can still
save this planet, this sociaty?
Right now, after a lot of things, not your movie/book, I came to
realize that I have a very pessimist aproach of the future. Do you
think still exist hope for humanity? We will not destroy this planet,
end his resources? Won't we destroy ourselves slowly? If you think
it's possible, what can we do? What can I DO???



ANSWER:
Thank you for your note and your kind words. It is easy to understand why you feel pessimistic, but it is crucial to continue to hope, not for utopia, which is impossible, but for greater humanity. We are capable of it as individuals, and in communities; it is always a question of creating social orders that reflect the humanism inherent in us. What we need to do is believe in that, and take action - any action - to try to realize it. We have to see ourselves, and act like, citizens - members of communities with the responsibility and power to create just and humane governance.

Best,
Joel

Verdades (by Kafka) (Provided by Reginaldo)




A verdade é tudo aquilo que o homem precisa para viver,
não pode ganhar nem comprar dos outros.
Todo homem deve produzí-la sempre no seu íntimose não ele se arruína.
Viver sem a verdade é impossível, mas não exagere o culto da verdade.
Não há um único homem no mundo, que não tenha mentido muitas vezes e com razão.

Sunday, August 20, 2006

Terror em Silent Hill


Baseado na série de videogames de horror "Silent Hill".

Rose Da Silva (Radha Mitchel) e Christopher da Silva(Sean Bean) tem uma filha adotiva com problemas de sonambulismo, nesse estado Sharon (Jodelle Ferland) chega ao ponto de quase sofrer acidentes fatais e grita "Silent Hill, Silent Hill". Como toda boa mãe faria ela carrega a filha em uma viagem noturna até uma arrepiante cidade fantasma interditada que tem esse nome, tentando resolver os problemas de sua filha.
Logo ela se separa de sua filha numa ensandecida perseguição policial seguida de acidente em que se vê perdida em uma cidade abandonada que de tempos em tempos soa um alarme ensurdecedor seguida de escuridão total e ataque de uma variedade de monstros de aspectos nojentos. Para encurtar tudo isso tem haver com um tipo de ritual religioso realizado na cidade anos antes, com um incêndio, caça as bruxas, o demônio, meninas assustadoras e monstros do inferno.
Poderia continuar contando a história até o final, inclusive em detalhes, mas não quero martirizá-los duas vezes caso também queira ir ao cinema e se você gosta de filmes de terror não é uma idéia tão ruim.
Com certeza o maior problema de "Terror em Silent Hill" está no roteiro entupido de buracos, ou melhor, rombos. Entendo que é difícil adaptar a história complexa de um videogame de diversas horas e ainda se manter original, mas a impressão que tenho é que o roteirista Roger Avary (Pulp Fiction) nem tentou, desistiu de tentar escrever algo decente e pegou alguns momentos chaves do jogo, entrelaçou de forma artificial e acabou. O que é realmente uma pena, pois ele é geralmente muito bom, mas parece que estava dormindo ao escrever este roteiro. Assim acerta nos pontos em que copia descaradamente o jogo, mas estas são poucas e em todas as outras tramas novas enfiadas para fazer render mais alguns minutos erra miseravelmente.
Achava que o diretor francês Christophe Gans (Pacto dos Lobos) era bom, mas na verdade seus filmes mostram que tem uma obsessão insana pelo visual, fazendo-os serem interessantes esteticamente, mas com histórias beirando ao Trash. As cenas são em geral bem feitas e visualmente impactantes e claustrofóbicas, mas totalmente desconexas, ligadas de um ponto ao outro pior do que fases de um videogame. Funcionam sozinhas, ao juntar é que se vê o problema. Em uma cena ela tira uma peça da boca de um corpo torturado em um banheiro, o motivo pelo qual ela faz isso foge a compreensão, mas não tanto como sua fala depois de constatar que era um pedaço de chaveiro de hotel, “minha filha deve estar no hotel”, de onde ela tirou isso? Irritou-me profundamente o modo como os produtores subestimam a inteligência do espectador, como quando Rose chega a igreja que lhe parece estranhamente familiar e o diretor se sente obrigado em nos mostrar onde vimos a igreja antes como se fossemos ignorantes demais pra lembrar por nós mesmos. Ou em todas as cenas em que aparecem os monstros somos preparados por uma sirene e Rose sempre é salva não por seus méritos, mas pelo simples desaparecimento de seus perseguidores. O diretor nos acha tão idiotas que chega a ponto de repetir falas para nós lembrar de algo dito minutos antes. O filme não tem ritmo e a ótima trilha sonora emprestada do jogo é falha em dar atmosfera, pois é tristemente mal utilizada durante a projeção.
Além dos principais temos Cybil (Laurie Holden), uma policial que pouco chama a atenção além de ter uma morte grotesca e mostrada com detalhes além da conta. Dahlia (Deborah Kara Unger), uma louca que andarilha pela cidade assustando personagens de filme de terror, até que é bem interpretada, mas é difícil dizer mais que isto, pois o roteiro a qual ela é obrigada a proferir é por demais fraco. Christabella (Alice Krige) é a vilã e é tão irritante que torci para que morresse logo, não porque criei raiva pelas ações más da personagem, mas sim porque não agüentava mais ver aquela mulher empacando a trama. Infelizmente qualquer prazer que poderia sentir ao ver seu destino final foi revertido frente ao modo excessivamente chocante em que é mostrado. O policial local Thomas Gucci (Kim Coates) não tem razão de estar no filme e parece não envelhecer, pois aparece em um flashback de 30 anos praticamente inalterado. Na verdade toda a trama em que ele está inserido, a qual segue Chris na procura da filha, poderia facilmente ser descartada, pois não acrescenta absolutamente nada, apenas serve para nos distrair dos perigos da cidade e ainda por cima quebra o andamento da já desgastada trama. Este personagem é tão descartável que desaparece perto do final e nem sentimos sua falta. Isso é tão verdade que todas as cenas foram adicionadas ao roteiro depois, pois o original continha só mulheres. Apenas para contar no registro temos Anna (Tanya Allen), uma sobrevivente da cidade que está lá exclusivamente para morrer de forma inacreditavelmente chocante.
Os personagens são mal construídos sendo unidimensionais e muito mal interpretados por quase todos os atores, que parecem saídos de uma produção como "A Invasão das Aranhas Marcianas". Esse clima de filme "B" não é intencional e muito menos uma homenagem, pois se leva a sério.
Quem sabe ai esteja a minha decepção. Esperava muito mais desse suspense do que de filmes obviamente estúpidos como são quase todas as produções de terror adolescente, onde este não se encaixa. Ao ir ao cinema esperava mais do que meninas demoníacas com longos cabelos pretos sobre a cara, um roteiro raso, atores péssimos, uma direção irregular e um exagero sádico por mostrar cenas sanguinolentamente desnecessárias.
Mas seria injusto condena-lo ao ostracismo e rotula-lo como “Trash” pois não é o caso. Agora que já falei dos defeitos posso me concentrar em suas qualidade. Após ler essa última parte fico ainda mais decepcionado, pois vejo um enorme desperdício de potencial.
Gostaria de dizer que a ambientação é excelente, mas ela é resultado do incrível trabalho de Carol Spier no design. A cidade de Silent Hill é soberba, enevoada, coberta de cinzas e sempre assustadora, ainda mais quando temos sua perspectiva infernal. Apesar das transformações que seguem o toque da sirene serem desnecessárias o visual da Dark Silent Hill é ainda mais arrepiante. Qualquer pessoa presa em um lugar desses enlouqueceria como ocorre com personagens.
Os monstros são espetaculares, assustam não apenas com seu aspecto nauseante, mas também por seus rostos sem face e movimentos erráticos que dão um sentimento de dor e sofrimento, como se todos fossem almas aprisionadas naqueles corpos decadentes. Toda a cena em que somos apresentados a um novo tipo assustador é um show à parte. Temos um zelador com a cabeça e as pernas amarradas com arame farpado, enfermeiras desfiguradas, crianças queimando eternamente, um carrasco com elmo de pirâmide entre outros. Nesse sentido o fascínio do diretor pelo visual e pelo material original ajudou a criar uma ligação que qualquer pessoa que tenha visto o jogo por mais do que quinze minutos reconheceria e que não jogou com certeza se surpreenderá.
Repare como a roupa da Rose vai escurecendo durante a projeção, foram usadas mais de 100 vestimentas diferentes para fazer esse efeito de modo sutil, é esse tipo de cuidado que permeia toda a estética de “Terror em Silent Hill”.
Os efeitos especiais são irregulares, em alguns momentos são geniais funcionando muito bem na escuridão da Dark Silent Hill
Existe mais uma característica que considero um defeito grave, que é a superexposição da platéia ao sadismo do diretor, a fotografia de Dan Laustsen é muito eficaz se esta era a intenção, e ela funciona claustrofóbicamente bem durante toda a projeção. Existe um uso exagerado de sangue por todos os lados, como em Kill Bill, em ambos os casos é possível escutar risos na sala de exibição a diferença era que esta era a intenção do filme do Tarantino. Pensei que o diretor havia aprendido com o seu ótimo Pacto dos Lobos que não mostrar às vezes é mais assustador que mostrar. Veja a cena do corpo no banheiro, ela funciona bem, pois nunca temos uma cena panorâmica ou em detalhes, vemos uma mão, vemos a cabeça, mas nunca o corpo inteiro, assim o impacto de vermos o corpo inteiro mais adiante na projeção é muito maior. Infelizmente esta boa cena é exceção, em todas as outras somos apresentados ao lado mais grotesco que nos elimina qualquer possibilidade de deixar nossa imaginação trabalhar, ela geralmente é muito mais assustadora que qualquer coisa que os cineastas conseguem colocar na tela. Apesar de algumas pessoas poderem gostar do modo ultraviolento em que são apresentadas as mortes com muito sangue e tripas (como em “O Albergue” e “Premonição” e suas continuações), a maioria achará ofensivo no mínimo e possivelmente sairá com uma sensação de repulsa caso tenha um estômago mais fraco.
O destino final sobre o destino de Rose, Sharon e Alessa é muito interessante evitando o tradicional fim bobo que normalmente acontece em Hollywood.
Assim para aprecia-lo se deve esquecer qualquer presunção sobre a trama, pois ela só atrapalha os aspectos técnicos e visuais, que é onde está o melhor da exibição. Infelizmente não posso relevar os aspectos em que a película peca, mas ainda assim se você não se assusta com cenas fortes e quer ver um filme de terror este é infinitamente melhor que a qualquer um do gênero lançado este ano e merece uma conferida, nem que seja só para admirar o visual, mas se tiver uma chance o jogo é bem melhor. Já se você tem um estômago fraco ou procura algo com mais conteúdo deveria ficar longe deste filme, ou de qualquer um do gênero por assim dizer.

5/10

Saturday, August 05, 2006

Malvados Blog




www.malvados.com.br

Thursday, August 03, 2006

Médicos sem fronteiras

Dizer como a guerra é uma coisa absurda no mundo de hoje é um lugar comum. Mas realmente continuo me surpreendendo com as coisas que aceitam como normal.
Crimes de guerra. Isso já é um conceito absurdo, criamos uma categoria de ações que são consideradas crimes num lugar em que dois jovens de dezoito anos se esfaquearem até a morte não é um. Interessante.



Crime de guerra: Atacar uma unidade neutra de ajuda humanitária. Se qualquer lado fizer algo do gênero será punido. Claro que faz todo sentido punir alguém por isto, como também faz todo sentido punir alguém por bombardear um prédio, mas isso é considerado aceitável.
Não posso deixar de notar quão absurda é uma situação em que seja necessária a intervenção de um grupo humanitário como os Médicos Sem Fronteiras. É realmente bizarro um mundo em que ele precise existir.
Imagine uma batalha entre dois traficantes em uma favela, depois de horas de tiros e mortes paira uma certa calmaria. Assim no dia seguinte um grupo de médicos vai a um lado e trata dos feridos, e depois vai ao outro lado cuidar dos outros. No outro dia eles voltam a se matar mais um pouquinho, os médicos vão lá e curam mais um pouquinho, no dia seguinte eles se matam ainda mais e os médicos vão lá de novo e...
Não, devo admitir que isso nunca aconteceria na rocinha, eles matariam os médicos que se atrevessem a ir ajudar o outro lado, afinal, ele está ajudando o inimigo! Isso evidentemente porque os traficantes não vivem num mundo livre, democrático, não são civilizados como nós a ponto de permitir que médicos venham ajudar enquanto nos matamos. Apesar de apoiar fortemente estes grupos, vejo que suas ações serem aceitas pelo mundo sejam uma comprovação de que sancionamos estas guerras. Obviamente a solução não é bani-los, mas pelo contrário, banir as guerras. Se eu dissesse que estamos longe desse objetivo estaria sendo otimista por considerar que a humanidade possa viver num mundo sem guerras.
Claro que sei que nem os israelenses nem os "Hezbollenses" gostam da idéia de ajuda humanitária para o outro, mas devido à pressão internacional não tem muita escolha. Também devo ressaltar que um lado irá requerer muito mais ajuda, pois se o abastado estado de Israel sofreu algumas causalidades tivemos um pequeno massacre no lado libanês. E se o primeiro tem plenos recursos e infraestrutura para cuidar disso, o segundo não tem quase nenhum hospital inteiro no sul. Há apenas três meses atrás o sul do Líbano tinha uma ótima infra-estrutura para um pobre país árabe que ainda está se curando das cicatrizes de uma guerra, mas que hoje sumiu misteriosamente. É uma pena que a parte mais louvavel do trabalho do Hezbollah na região tenha sido reduzida a escombros. Suor de uma década apagado com sangue em um mês.
Como sempre, o lado mais fraco é o que padece mais, e não estou me referindo ao Hezbollah nem ao Líbano. Como vi um angolano falando hoje, "quando dois elefantes lutam, quem mais sofre é a grama". Perfeito não?
Criamos regras para aceitar a matança entre países. Discutir sobre se isso ou aquilo é antiético num ambiente de guerra total, foge a minha compreensão. Mas devemos nos adaptar aos tempos pra fazer o que é necessário neste instante, abandonar o pensamento por demais idealista de parar a guerra e levar nossos médicos, nossos voluntários, nossos diplomatas, quem puder ser de alguma ajuda, até nosso dinheiro, mas isso também já seria idealista demais pra pedir em uma sociedade capitalista como a nossa. O problema que estou falando é outro, devemos fazer o possível para ajudar mais sem esquecer que devemos lutar pelo objetivo maior de parar essas guerras insanas (existe outro tipo?). Lutar para melhorar o sistema que apóia este tipo de atitude, deixando claro que não aceitamos estas lutas, que não sancionamos estas batalhas, ajudamos, mas não apoiamos. Mesmo que aquele acéfalo sentado no trono dos Estado Unidos ache tudo isso normal, as organizações humanitárias como "Médicos Sem Fronteiras" não acham. Mas enquanto não tem escolha, lhes resta apenas tratar dos feridos e por mais vezes que um médico normal sepultar os mortos.
Sei que nossa dita civilização só existe por causa de um uso extremo da hipocrisia, mas esses fatos me levam a temer ela seja fundamentada nisso.




"What do I think about civilization? I think it's a great idea; why doesn't someone start one?"

-Attributed to G. K Chesterton

Friday, July 28, 2006

Pirates of the Caribbean 2: Dead Man's Chest


Continuação de um filme sobre uma atração de um parque temático, o qual tem como tema piratas. Esse gênero capa e espada nunca emplacou um BlockBuster, desde a década de 60 que um filme não dá certo. Sempre que um produtor tenta desenterrar essa ambientação da era de ouro de cinema se depara com um prejuízo incrível, o qual desestimula toda a indústria voltar a ele.
O que me impressiona nisso tudo é que esse gênero de aventura tem todo o romantismo e carisma pra dar certo em Hollywood, mas por incompetência (e as vezes azar também) os filmes acabam por não atingir o público.
Por isso o “Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra”(o primeiro) foi um feito e tanto, abriu caminho pra esse tema tão próprio da industria do entretenimento e tão mal conduzido. Mas não pense que o filme é revolucionário per si, na realidade ele só acerta nas partes que não podia falhar e assim conseguiu encher uma sala de cinema com risadas e aventuras por duas horas. Conseguiram isso com um roteiro despretensioso, mas interessante, boas reviravoltas, atuações inspiradas (principalmente do... a você sabe, todo mundo fala dele), um bom diretor, ótimos efeitos especiais, uma boa fotografia, um bom design, ou seja, aspectos técnicos impecáveis, claro, o mínimo que se espera de uma superprodução hoje em dia.O que mais pode se esperar de um filme? Muita coisa na verdade, mas o aspecto artístico não faz os olhos dos produtores brilharem como pilhas de notas de dólares.
Mas e quanto ao “Piratas do Caribe: O Baú da Morte” (o segundo)? Por isso me estendi tanto falando do primeiro, esse filme consegue acertar nos mesmos pontos que seu predecessor. Como já disse este filme faz o básico pra dar certo, o que já é mais que a maioria dos filmes de verão de Hollywood.
A trama gira em torno de uma dívida do capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) que acaba envolvendo seus dois parceiros dos filmes anteriores, Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley). Assim eles precisam lutar contra canibais, um pirata mutante mágico lendário (Bill Nighy), um mal intencionado agente da Companhia das Índias Orientais (Jonathan Pryce) entre outros.
As atuações estão no nível das superproduções, o que não é bom, mas temos alguns que se sobressaem magistralmente. Preciso falar sobre aquele cara como todo mundo? Sim ele consegue de novo criar um personagem diferente, que foge ao lugar comum, e são sempre louváveis as raras vezes em que temos um protagonista diferente do mocinho de Hollywood, um pirata amoral então nem se fala. Também gostei muito da Naomi Harris que interpreta uma bruxa dando um ar sombrio e misterioso perfeito nas poucas cenas em que aparece. Outro que se destaca é Bill Nighy, sempre gostei do jeito estranho dele, os quais funcionam perfeitamente para esse papel e fiquei chocado ao descobrir que seu personagem havia sido totalmente criado por computação gráfica. Se os efeitos especiais já haviam me impressionado ao longo da projeção, ao constatar a perfeição sem igual dada ao vilão Davy Jones e o modo como conseguiram mostrar todos os maneirismos da interpretação do ator me da vontade de explodir o Oscar se não os presentearem nessa categoria. Todos os outros atores são burocráticos no máximo, tendo inclusive um casal muito fraco como protagonistas do filme. Com personagens fracos é difícil fazer mágica, ainda mais se comparados ao Sr. Depp e ao Sr. Nighy, mas mesmo assim a atuação desses dois é fraca.
Os efeitos especiais do filme são excelentes como era de se esperar, temos cenas magníficas, animais gigantes, barcos fantásticos e todos impecáveis. Com certeza terá ao menos uma cena que você achará incrível ao vê-lo.
O design do filme também é esplendoroso, desde o visual da cidade dos piratas e suas roupas, a tribo canibal, as vestimentas de época, a maquiagem irreprimível e ao extravagante visual dos barcos. A parte mais impressionante com certeza é a tripulação de Davy Jones, seres mutantes meio animais, todos com detalhes impressionantes e uma inventividade que chama a atenção. Devo apenas ressaltar que apesar de ter gostado bastante do visual destes vilões acho que ficaram por demais asquerosos para um filme de férias que planeja atingir diversas faixas etárias e sexos.
Vamos agora ao que menos importa num filme diversão desses, que é o fiapo de roteiro. Na realidade apesar de ser inexpressível gostei do texto. Normalmente os filmes de ação têm tramas cheias de fatos sem explicação, absurdos lógicos e furos lamentáveis, enquanto este filme consegue ser bem amarrado e estruturado, coisa rara. Mas com certeza não é irreprimível. Antes devo adiantar que a maioria da trama se completa no decorrer das duas horas e pouco de duração, mas os últimos dez minutos do filme servem apenas para preparar pontas soltas para continuação “At World’s End” que foi gravada em conjunto e que fecha a trilogia. Não que isso atrapalhe o andamento, mas deixa com água na boca se você gostou do filme e um nó na garganta se você não gostou.
Na primeira cena temos nosso capitão se salvando por um triz de uma arriscada missão, sua tripulação pergunta qual a causa daquilo e ele lhes responde que foi por causa de um papel com uma chave desenhada. A tripulação de um navio pirata pode não ser muito esperta, mas infelizmente a audiência desse filme não o é (espero). Você fica esperando que aquilo sirva pra alguma coisa, mas logo descobrimos que era para o que aparentemente servia, ou seja, nada. Mas este é apenas um detalhe e não atrapalha em nada o filme, tem problemas maiores.
Lembra da cena com os canibais que comentei? Pois é, ela é bem feita e muito divertida, com certeza você terá boas risadas ao vê-la. O problema é que ela só faz isso, é completamente descartável para a trama principal. Fala-se tanto em versões estendidas em DVD, podiam fazer uma versão reduzida sem toda essa sub-trama com canibais. Seria ao menos trinta minutos mais curta e ninguém notaria que meia hora do filme foi cortada, é quase como fossemos para aquela ilha apenas para nos divertirmos com os nativos enquanto o vilão espera do lado de fora, e voltamos a trama principal.
Espero não estar sendo áspero demais, ambas as cenas são muito boas e mesmo que não ajudem no desenvolver do filme geram situações excelentes para divertir, pena que sejam tão desconexas. Até consigo me colocar no lugar do diretor, imagine que você tem uma idéia genial com canibais, mas isto não tem nada, mas nada mesmo, haver com o filme. Problema? Não! Enfia essa cena em algum lugar, em alguma ilha perdida e pronto, você tem trinta minutos a mais de diversão! Nunca se deve se preocupar com estes detalhes insignificantes que esbarram com nossas idéias maravilhosas, detalhes estes como o roteiro. Se a cena fosse ruim seria o suficiente pra eu execrar o filme, mas é boa, então está perdoado.
O filme sofre diversas vezes com essa falta de nexo entre uma cena e outra, adoraria destruir a produção por isto, mas (in)felizmente todas as cenas são muito boas e atingem seu objetivo principal, que é divertir, pena que as vezes só pareçam fazer parte da mesma película porque aquele ator esta com a mesma roupa que na cena anterior. É quase tão coeso quanto os quadros do Zorra Total, ou da Praça é Nossa, se você tirar umas três cenas seguidas ninguém vai notar.
Num filme com muito mais altos e baixos como este posso me dar ao luxo de escolher algumas cenas magistralmente feitas, e outras mal elaboradas. A fotografia do filme é bem feita, ressaltando os majestosos efeitos especiais com eficiência, em especial a cena em que câmera segue o giro da roda de um moinho de água com três piratas duelando dentro. A ótima cena de uma luta de espadas naquela igreja abandonada (O que essa igreja faz aqui? Porque estão lutando dentro dela? Existe algum motivo pra essa cena estar acontecendo alem de criar um visual legal?). Diversas cenas da asquerosa tripulação de Davy Jones e o próprio. Quando Jack Sparrow mostra que o capitão é o primeiro a abandonar o navio. Existem poucas cenas que me incomodaram por sua idiotice, mas o modo como Will consegue o objeto de perseguição do filme todo é por demais cômico mesmo pra um filme fantástico como este. Também vi uma falta de timing ao revelar a aparência de Davy Jones e sua tripulação. Outro aspecto que me desagradou muito foi o pai de Will, gostei da atuação Stellan Skarsgård , o problema é que os autores tentam vender em alguns momentos um tipo de sofrimento familiar entre a relação pai e filho deles, o que é no mínimo apelativo demais pois eles se conheceram a cinco minutos e não tem qualquer tipo de ligação que não seja a sanguínea. Imagine que não conheça seus pais, e o encontre deformado servindo de grumete em uma tripulação de um pirata demoníaco.
O filme também é superficial em diversos pontos, faltando uma explicação mais aprofundada, mas isso é quase bom e normal nesses filmes recheados de misticismos, se no filme anterior era uma maldição asteca, qual é a razão dos poderes dos personagens deste? A resposta parece ser porque são personagens de um filme.
Mas no geral é um filme de diversão despropositada quase perfeito, tem tudo lá, personagens interessantes, cenas inspiradas, boas risadas, excelente ambientação, visual primoroso e fantásticos aspectos técnicos. Sofre um pouco no roteiro, e nas atuações, mas ambos funcionam a contento, apenas não se destacam. Um ator medíocre ali, mas é compensado pela ótima atuação de um outro. Uma cena sem nexo ali, mas é compensado por sua inventividade e diversão. Um bom filme de ação, feito de forma inspirada, com tudo de bom da produção anterior, ou seja, divertido e nada mais. Mas também, o que mais pode se esperar de um filme?

7/10

Saturday, July 22, 2006

Superman: Returns

É, demorei pra colocar essa crítica aqui, acho que vou começar a escrever uns textos pra um site de cinema então acho que será atualizado com ainda menos freqüência (será possível!?!?!).



Fui ver este filme sábado de manha da semana passada (15/07), e pra quem leu minha crítica anterior viu que eu estava entusiasmado pra ver esse filme, mesmo não sendo um fã do personagem, gosto de quadrinhos e minhas expectativas eram altas.
Geralmente grandes expectativas atrapalham bastante. Gostaria de acreditar que foi esse motivo de minha decepção com o filme, mas sei que estaria apenas tentando perdoar o diretor por suas inúmeras falhas.
A história pra quem não sabe mostra o retorno a Terra depois de alguns anos do Superman, ele havia ido averiguar se havia sobrado algo de Krypton depois que cientistas descobriram sua existência. Assim, Clark Kent ao tentar voltar a sua antiga vida encontra obstáculos como seu relacionamento com Lois Lane mãe e noiva ganhadora do Pulitzer pelo artigo “Porque o mundo não precisa de um Super Homem”. Também temos o retorno do Lex Luthor em mais um plano que envolve a morte de milhões (desculpe, quis dizer BILHÕES!) de pessoas.
O filme começa com mais do que uma homenagem do letreiro original do filme de 78 é uma cópia maquiada usando a mesma trilha sonora inclusive, mas com uma pitada de efeitos especiais novos. Humm, tá ok, já não gostei muito dessa "homenagem", mas no decorrer do filme viria a gostar menos ainda. Se a idéia de fazer uma continuação daqueles filmes já não me atraia sua execução foi ainda pior, a produção ignora diversos aspectos dos dois filmes originais e é recheada de homenagens/cópias-descaradas chegando ao absurdo de repetir diálogos e frases de impacto em momentos chaves!! Ridículo! Existe uma linha muito tênue entre homenagear e copiar e infelizmente Bryan atropela esta diversas vezes. As duas horas passadas no cinema chegam a doer aos ouvidos de quem viu o filme recentemente, o que admito que devem ter sido poucos. Se isso fosse o pior do filme eu ainda iria aplaudir de pé, afinal não é tão grave copiar um filme que deu certo e rechear com algumas coisas novas e interessantes que joguem um ar novo ao filme.
Sim, até estão lá situações interessantes como aquela na qual um fato importante é revelado na cena do piano e a idéia de amor platônico do Superman com está nova Lois com filho, que reforça seu sentimento de excluído como alienígena, o que alem de dramatizar muito bem o personagem ajuda ao público a se identificar com ele.
Uma das cenas mais heróicas do filme já revelada no trailer é a da queda de um avião, claro que isso já foi usado exaustivamente em todas as vezes que o Super Homem aparece, inclusive no filme de Richard Donner, mas aqui não é só um avião, mas um avião que está levando um ônibus espacial! Uau em, que idéia genial desse diretor não? (Como cientista não posso deixar de ressaltar como esta cena é ridiculamente absurda do ponto de vista físico. Os engenheiros da NASA parecem que são mais incompetentes que o roteirista deste filme, mas se aceitei um cara voando usando roupas primárias, uma capa e com a cueca por cima da calça posso fazer vista grossa para detalhes da realidade, esta que sempre atrapalha os produtores de Hollywood ao fazer seus blockbusters). Gostaria de continuar escrachando diversas cenas em que o Superman está sozinho, mas ai faltaria espaço para comentar os outros personagens que também tem uma grande parcela de culpa.
Brandon Routh é um ator muito limitado e isto transparece facilmente durante o filme, Kate Bosworth, a Lois Lane também não funciona muito bem além de criar uma repórter com uma falta incrível de carisma. Apesar do filme se sustentar na relação desses dois personagens a sua química na tela também é fraca fazendo suas atuações medianas que quando somadas a falta de profundidade das outras partes ajuda a fundar o filme.
Alonguei-me para chegar em uma parte na qual minha impressão já não havia sido boa antes de ver o filme e que infelizmente concretizou-se. Mesmo gostando muito do trabalho de Kevin Spacey como no excelente Beleza Americana seu Lex Luthor consegue ser o pior vilão que já vi o Superman enfrentar na tela grande. Como nunca vi aquelas pérolas que são o Superman 3 e Superman 4 posso estar me adiantando mas ainda assim não perdoaria nem o Bryan Singer nem o Kevin Spacey pelo clima desse vilão. Como já havia ressaltado detesto esta versão cientista louco do personagem, mas se bem usada ela pode até ser divertida, o que como já deve ter percebido não foi o caso. A performance do ator é por demais comedida com alguns pontos altos em que temos um vislumbre de como aquele empresário ensandecido poderia ter sido, infelizmente estas cenas são por demais espaçadas fazendo o vilão louco ser louco apenas por continuar com este plano idiota.
Lex Luthor quer causar um desastre na qual milhões (desculpe, quis dizer BILHÕES!) morreriam afundando milhares de acres de terra fazendo o magnata louco enriquecer devido à especulação imobiliária. Grandioso, vilanesco, louco! Genial não? Bryan Singer também achou, na verdade ele gostou tanto que usou essa mesma idéia do Richard Donner no filme dele. Não tão genialmente devo ressaltar. No filme original Lex iria afundar com poderosíssimas bombas atômicas (coqueluche dos vilões da época) uma enorme falha sísmica, que realmente existe na Califórnia, causando um terremoto que inundaria a costa, transformando as terras desérticas do interior numa nova costa. Convenientemente todas estas terras pertenciam ao nosso vilão. Se isso fazia algum sentido, nesse novo filme o plano é totalmente idiota, nem um magnata louco acharia que esta idéia estapafúrdia poderia funcionar. O Lex Luthor interpretado por Gene Hackman nunca toparia uma coisa dessas. Sem querer estragar muito para os que não viram o filme tem uma parte em que a assistente idiota e peituda do Lex Luthor pergunta como se ele não faz nenhuma tentativa de esconder sua culpa, obrigaria o mundo a simplesmente aceitar que ele matou bilhões de pessoas e ainda deixar ele negociar as novas terras. A resposta dele mostra um outro fator absurdo do filme, ele fala que todos irão se curvar ao poder dos cristais kryptonianos que ele possui (no filme original ele também tinha uma assistente idiota e peituda, a qual também tinha um fraco pelo Superman, que coincidência!). Estes cristais que ele roubou da fortaleza da solidão possuem o incrível poder de aumentar absurdamente de tamanho em contato com a água, assim como alguns brinquedos infantis paraguaios em forma de animais. Mas ao contrário desses brinquedinhos inofensivos estes cristais crescem MUITO MESMO de tamanho. Apesar de contrariar diversas leia básicas do universo e do bom senso essa idéia esotérica ridícula de cristais mágicos tem um poder realmente destruidor. Mas o espectador deve ter muita imaginação e boa vontade para pressupor que os outros cristais devem ter poderes muito mais assustadores porque isso apenas não impediria o mundo de se voltar contra esse idiota, muito menos o Super Homem. Mesmo que estes cristais tivessem tais poderes eles não aparecem em nenhum momento e o vilão nunca usa estes contra o herói.
Os outros atores funcionam sem brilho em seus papéis secundários com destaque para Sam Huntington como um divertido Jimmy Olsen e para o Ciclope dos X-Men e amigo do diretor James Marsden como o namorado simpático da Lois Lane.
Numa produção de centenas de milhares de dólares os aspectos técnicos do filme costumam ser impecáveis e aqui isto é quase verdade. Todas as cenas de vôo, a do avião, a fortaleza da solidão, o ataque final do Lex Luthor, todas são primorosas e irreprimíveis. Mas infelizmente mudanças de última hora atrapalharam o resultado final, estas são as mudanças computadorizadas feitas ao próprio corpo do Superman em seu rosto, assim como em outras partes, mas admito que não reparei muito nelas quando vi pela primeira vez, assim devo apenas acreditar no que escutei falar de diversas fontes.
Existem ainda outros aspectos que achei fracos, como a enésima vez que usam Kryptonita contra o Super Homem. As diversas vezes que temos a sensação desagradável em que nosso herói neste filme o Superman, símbolo da verdade, justiça, American-Way-of-Life está ajudando Lois Lane em sua traição velada ao pai do filho dela. A simbologia religiosa excessiva do personagem título. Toda a trama ridícula e dispensável que se passa no hospital. O fato de Lois Lane ser conhecida mundialmente como “a ex-namorada do Superman”. A juventude do casal principal, afinal ela tem um filho de alguns anos e já ganhou um Pulitzer e ele ficou anos fora da Terra e ambos parecem ter apenas uns 20 anos! Com certeza uma manobra ridícula apenas para atrair mais jovens a sala do cinema. Aquela revelação interessante mais mal aproveitada da cena do piano.
Mesmo assim, existem alguns aspectos e algumas cenas que achei muito interessantes, como o visual de Metrópolis, principalmente o Planeta Diário retrô. A cena do Superman voando com lágrimas nos olhos (todo mundo parece ter gostado dessa cena porque todos a comentam, isso também mostra como o filme é fraco, pois uma das cenas mais marcantes é rápida e oferece apenas um vislumbre do que o filme poderia ter sido). A cena do Clark brincando com o cachorro no começo. O visual da fortaleza da solidão. A cena em que o Lex Luthor pede a para Lois repetir uma frase, a qual ela geralmente fala quando é a moça em perigo em milhares de histórias do Superman. Quando o Super Homem responde a Lois sobre o mundo não precisar de um salvador. A bala acertando o olho. A cena que remete a capa da Action Comics 1 em que ele aparece pela primeira vez (ok, essa apenas um fã do Super iria reparar).

Ufa! Se você chegou até aqui deve ser algum amigo meu ou um fã revoltado do Superman. Para concluir “Superman: O Retorno” de Bryan Singer é um drama romântico fraco e piegas, um filme de ação medíocre, oferecendo atuações igualmente sem brilho e efeitos especiais primorosos.


3/10

Friday, July 14, 2006

PREVIEW: Superman Returns

Quero fazer aqui algo que sempre tive vontade, documentar minhas impressões sobre um filme antes de ir ve-lo e comparar minhas impressões após.
Pra começar eu não curto o personagem Superman, já não curtia antes na época que eu lia quadrinhos, as histórias com ele são em geral de péssimas pra pior-coisa-que-vc-já-leu-na-vida então dá pra imaginar o resto. Mas felizmente existem algumas histórias escritas em edições especiais e fora da cronologia que conseguem salvar a imagem, as únicas decentes:
Quatro Estações (For All Seasons) Jeph Loeb & Tim Sale
Identidade Secreta (Secret Identity) Kurt Busiek & Stuart Immonen
Paz Na Terra (Peace on Earth) Paul Dini & Alex Ross
Reino do Amanhã (Kingdom Come) Mark Waid & Alex Ross
Para o Homem Que Tem Tudo (The Man Who Has Everything) Alan Moore & Dave Gibbons
Mas apesar de serem poucas, as histórias não são só boas, são excelentes!
Mas também é só, acabou.
Mas isto não tem nada haver com o filme, quase nada...
Revi os filmes originais essa semana, o primeiro do Richard Donner e o segundo meio Ricahrd Donner meio aquele outro diretor meia boca. E refiz minha opinião sobre esses filmes, efeitos especiais datados a parte o filme é bom, mas não excepcional, entendo que pode ter sido revolucionário na época mas hoje tem muitas partes piegas e muitos erros de coerência o que acho totalmente inaceitável. O que salva esses filmes é o Chris, ele é fantástico como Clark e SuperHomem, a Lois tb é muito boa e a química entre eles é sempre interessante. O roteiro é razoável, com muita pieguisse, mas levada a sério, afinal o filme leva a sério um cara que usa a cueca por cima da calça então dai já da pra ver qual deve ser a atmosfera do filme. Mas estou fugindo novamente do foco. Fiquei um pouco decepcionado, na minha cabeça tinha uma visão melhor destes filmes que nessa revisitada.
Junto com isso soma-se a gigante e pavorosa história da produção de um filme do superman depois de Superman IV. Caso não seja familiarizado pode dar uma olhada aqui: http://www.omelete.com.br/cinema/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=928
http://www.omelete.com.br/cinema/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=927
Triste não? :(
Minha expectativas para o primeiro filme dos X-Mem tb era bem baixa, gosto dos mutantes menos ainda e um filme com eles... humm, me parecia uma péssima idéia. Mas estava errado, adorei o filme e tb gostei da continuação.
Por que estou falando do filme dos X-Men aqui? Porque é neles que reside minha esperança neste filme de um personagem complicadissimo de adaptar para o cinema, cheio de histórias mediocres, com uma pré-produção muito conturbada e com o legado de um filme clássico de 78, o qual pessoalmente nem acho tão excepcional.
O nome de minha esperança é Bryan Singer. Diretor de "Os Suspeitos", "O Aprendiz" e dos dois primeiros "X-Men", todos filmes muito bons, esse cara consegue acertar no alvo em todas as vezes. Passou por generos diversos e conseguiu ser muito bem sucedido, fantástico! Na realidade tinha muita pouca fé que sairia algo de bom daqui, mas agora, após os trailers, notícias, alvoroços dos EUA e a participação do Bryan minha experança nele está renovada. Pode ser apenas ansiedade por ter ouvido falar desse filme o mês todo mas acho que realmente ficou interessante.
Quando escutei a idéia pela primeira vez achei péssima... na realidade ainda acho mas agora já me acostumei a ela.
O super-homem sumiu por uns anos e quando volta encontra a Lois casada. É uma continuação dos dois primeiros filmes cortando alguns detalhes de menor importância. Eu iria preferir uma saga que iniciasse do zero, sem a complicação de ter que desenterrar uns filmes da decada de 70. Outra coisa que não me apetece é esta versão do Luthor do cinema estilo cientista-louco. Acho idiota, prefiro a versão Luthor magnata maligno, o gênio que não foi reconhecido e guarda todo esse ódio, mas já que escolheram essa direção pro personagem o Kevin Spacey é um ator que gosto muito e também confio nele(quem sabe eu confie demais nas pessoas). O visual está caprichado, neo-retrô, os atores parecem bons, o diretor é bom, os efeitos especiais são bons, as idéias em geral acho ruim. Com tudo isso já levado em conta espero no mínimo um filme 3 estrelas, se todos acertarem a mão um filme 4 estrelas e se a história conseguir me surpreender e o Bryan Singer tiver uma mão divina 5 estrelas mas não acho que conseguiria dizer que um filme assim conseguiria ser perfeito. Só amanhã pra saber. Espectativa: #### (4 Estrelas)

É

É verdade, devo reconhecer que meu passado, minha infância foi em grande parte uma infância nerd, recheada de clichês do gênero. Mas também é verdade que isto é passado e que minha falta de direção anterior foram radicalmente mudadas no presente. O ano de 2003 pode ser considerado o momento simbólico de mudança em minha personalidade e filosofia. Viajei para os Estados Unidos, enfrentei minha primeira crise séria no meu longo relacionamento com minha primeira namorada e junto com isso também estava desiludido com minha escolha de universidade. Apesar de não saber o que influenciou o que e qual destes eventos ocorreu primeiro. O fato é que em 2004 todas as sementes para minha mudança total já estavam lá. Parei de acreditar em uma míriade de idéias, passei a ter uma visão menos idealista, mais pessimista, humanista da história, e do mundo. Agora não era tão importante as leis da física mais sim como e por quem elas foram descobertas, foi o fim da crença em Verdades Universais, as quais combato ferozmente nos dias de hoje, também foi o começo de minhas rixas com toda e qualquer forma de crença sem raciocínio e sem provas como as religiões, também marginalmente influenciado por minha Ex. Marcou a nascimento de um homem mais pragmático, que foi passo a passo abandonando aquele universinho de adolescente e embarcando em um mundo adulto. Isso me assusta as vezes, foi minha última mudança significativa e já fazem 3 anos, sinto que não mudarei mais minhas opiniões até a loucura ou senilidade, o que ocorrer primeiro. Mas voltando a frase inicial deste texto, também abandonei a cultura nerd. Nunca fui um entusiasta fánatico dessa cultura, mas mesmo sem pensar fazia parte dela de corpo e alma, era um fã de Star Wars (ai meu deus) e lia mais livros de RPG do que tinha tempo de jogar. Hoje percebi algo que é fundamental para minha formação de ideias, as coisas boas são muito difíceis de achar. Isso pode parecer óbvio mas não é, não basta gostar de um livro pra encontrar outros bons deste mesmo autor, ou ler uma história em quadrinhos que goste e achar outra que vá gostar. Antes, do alto de meu estado juvenil eu acreditava que quanto mais afastado do status quo eu procurasse mas fácil seria encontrar algo decente. Mas a realidade é mais complicada, dentro de outra cultura geralmente encontramos a mesma densidade de qualidade que na sua própria, mesmo que a roupagem seja mais agradável a voçê na qual está mais familiarizado. Isto também diz o quanto minha crença anterior era desumanizada, eu achava que dentro da literatura por exemplo haviam mais obras interessantes que no cinema mas não é o gênero de arte que define sua qualidade e sim o talento das pessoas e este em geral é similar independente do meio. Pode parecer audacioso mas tente ver que prodígios existem em todos os lugares, se por ano são lançados 10.000 livros, 1.000 filmes e 100 peças de teatro, poderiamos ter 973 livros excepcionais, 86 filmes maravilhosos e 17 peças de teatro excepcionais, eses números são apenas demonstrativos mas quero monstrar que mesmo tendo mais livros bons que filmes a porcentagem é parecida. Pra mim se deve olhar para o mundo com foco nas pessoas que o fazem assim. Me estendi em tudo isso apenas para dizer que percebi que por mais que gostasse muito de quadrinhos, apenas 1 em cada 50 me atraiam, que por mais que gostasse de cinema e achasse uns 5 filmes bons isso era depois de ver uns 200 filmes. Assim aprendi a selecionar muito mais o que vejo, mas também reafirmei minha vontade de conhecer novas formas de arte. Assim abandonei a minha cultura juvenil e embarquei numa viagem mais audaciosas por temas mais complexos, mais reais, pragmáticos, filosóficos. Isso também ajudou a me transformar numa pessoa com menos sonhos, mais pessimista, penso se tem que ser assim. Não conseguiria ter uma conversa coerente com o meu EU de alguns anos atrás. E meu EU passado nem reconheceria a pessoa que me tornei, penso se não envelheci rápido demais. Após muitos anos de separação estou tendo um reencontro com meu passado, agora com um senso crítico muito mais apurado posso voltar nas obras que tanto gostava anteriormente e lançar uma nova luz e ver se sobrevivem a esse novo olhar. Alan Moore passou no teste, Star Wars, não.

Sunday, July 02, 2006

A união entre o Sagrado e o Profano

Inicialmente podemos analisar a arte separando em duas categorias, a popular e a underground, esta última apreciada pelos conhecedores enquanto a outra sempre destruída pelos críticos mas aclamada popularmente,atingindo milhares de pessoas e enriquecendo seus criadores.
Pode parecer que estou rebaixando a arte popular a segundo plano quando na verdade coloco um problema a arte erudita, que apesar de apreciada permanece geralmente impopular, assim não atingindo o grande público apesar de influenciar o paradigma de formas mais sutis. Acho que existe espaço para ambas formas de expressão, ambas tem seu nicho no mundo artístico, entreter ou influenciar pensamentos.

Entrem os que tem pretensões puramente artísticas poucos são notados. Ao fazer algo mirando a grande massa se deve ter em mente as limitações intelectuais e culturais de todos que tentarem ter acesso ao que o autor quer passar. É isso o que a maioria dos artistas não faz, criam para si mesmos, ou para um grupo limitado altamente intelectualizado. Não que isso seja errado, é necessário fazer discussões de alto nível mas atingem diretamente um número reduzido de pessoas. É muito difícil se fazer entender, essa é a questão fundamental da pedagogia e infelizmente é o que mais falta em alguns artistas absolutamente geniais, alguns filósofos influenciaram o mundo sendo lidos por uma porcentagem ínfima da população, mas até hoje intelectuais discutem o que eles quiseram dizer em seus textos. Não importa o quão complicado seja o assunto, se poucas pessoas conseguiram entender, isto é uma falha grave. Existe um valor em uma obra alternativa, profunda e cultural mas ele está fechado para o mundo, escondido num mar de complexidade inacessível ao povo. O objetivo do erudito geralmente envolve uma mensagem, quer passar alguma coisa, deixar algo dentro do espectador. Mesmo que seja para poucos existe um prazer sublime na apreciação da arte, ela entretem sua seleta audiência de outro modo, mas infelizmente, na maioria das vezes não cativa o público.

Os advogados da arte popular (como vários péssimos atores da rede Globo)dizem que o grande benefício é fazer a maioria de seus espectadores mais felizes, entretem suas vidas tristes. De fato existe um valor em cativar o público, essa é uma das funções. Afinal se a televisão, cinema e música fossem uma indústria predominatemente cultural seria chamada de Indústria da Cultura e não Indústria do Entretenimento. Ainda costumam comentar que são esses produtos populares que permitem a existência de uma indústria mais erudita, mesmo que underground, que o fato de existir um Star Wars:Episódio 3: A Vingança dos Siths permite a produção de um Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci, não vou discutir esse pobre e infeliz argumento. Discordo amargamente dessa conlusão, mas ainda que isso seja verdadeiro, fazer algo acessível é necessário mas o fazer acessível não pode ser o objetivo final de uma obra. Infelizmente é isso que ocorre, logo temos centenas de obras que nada acrescentam ao mundo além de papel, barulho e filme.

Já é possível enxergar as diferenças entre essas idéias, poderia-se levar a arte ao povo ou elevar o nível das obras populares mas quero algo mais pragmático e imediatista. Apreciada pelos críticos, moldando pensamentos, fazendo pensar e ainda atingindo todas as classes intelectuais sendo populares, algumas obras conseguem ser. Claro que irão lhe faltar a profundidade de um projeto mais complexo mas ainda é perfeitamente aceitável se levarmos em conta o número de pessoas atingidas. Apenas para citar algums exemplos do que considero terem sido bem sucedidos nesse quesito: Matrix, primeiras temporadas dos Simpsons, Seinfeld, Senhor das Armas, Shakespeare e claro que isso também se aplica a música e artes plásticas mas como não sou entendido não vou opinar. Criadores andando na linha entre dois mundos percebem que essas realidades não são tão separadas quanto parecem, pode-se ser relativamente popular e ainda ser marginalmente erudito, resolver dois problemas. Levam uma complexidade aonde não havia e popularizam idéias que possivelmente nunca chegariam a grande massa. Essas preciosidades muitas vezes sofrem por tentarem agradar a todos, recebem críticas mornas e vendas amenas não chamando a muito a atenção de ambos os lados, os quais não percebem isso como uma tentativa de criar um elo de ligação entre dois paradigmas, criando outro.

Ao se fazer uma obra que consiga agradar a críticos acadêmicos e populares, o autor precisa mesclar gostos, colocar complexidade em situaçòes simples, no caso de mesmo que os eruditos não apreciem o ato em si, gostem a idéia por trás, e mesmo que o povo não entenda a idéia por trás, goste do ato em si.